Luís Henrique Mignone
Eu quero uma mulher que seja minha,
só minha e que, como eu, quando sem ela,
se sinta perdida e prefira viver sozinha,
olhar vagando no vácuo, da vida à janela.
Eu quero uma mulher que seja pura,
tão pura aos olhos de todos, em essência,
por nosso amor capaz de qualquer loucura,
olhar brilhante e ávido na perdida inocência.
Eu quero uma mulher a quem mande flores,
todos os dias e que a cada vez se enterneça,
ao confidenciarmos nossos mútuos temores,
de que um se vá um dia e nunca mais apareça.
Eu quero uma mulher a quem cante em versos,
a musa para odes, sonetos, canções e poesias,
que no delírio de minhas emoções, seja universo,
consciente de sua grandeza, sem hipocrisias.
Eu quero uma mulher valente, forte, destemida,
que ande a meu lado, não atrás, não à frente,
que percorra comigo os (des)caminhos da vida,
não enlevada por mero sonho, mas consciente.
Eu quero uma mulher tímida, frágil, feminina,
de cujos olhos brotem lágrimas, quando em vez,
que na certeza de se saber mulher, seja menina,
na dúvida constante entre o ser ou não ser talvez.
Eu quero uma mulher que, sem assombro,
a cada momento de amor comigo se lance
ao infinito de nós dois, dolente em meu ombro,
nos momentos de depois, da vida um relance.
Eu quero uma mulher que cante meu canto,
a amiga, companheira, estrela por derradeira
que ria meu riso, mas também chore meu pranto,
no rio de minha vida, de remansos e corredeiras.
Eu quero uma mulher, bem mais que uma mulher!
Eu quero uma mulher infinita, cheirosa, bonita,
eu quero esta musa dengosa, gostosa, amiga,
assim, com este jeitinho, exatamente como você é!