Poesias Escondidas


Uma pequena demonstração do amor pela nossa língua e nosso idioma, mesmo quando a poesia ou a letra de música for de autoria de um estrangeiro, sendo ou não radicado no Brasil, só serão publicadas as traduções ( caso o idioma não seja a língua portuguesa )...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O Amor

Celi Luzzi

Você que invadiu o meu coração,
que nem licença pediu e se alojou.
Tomou posse de um coração que estava vazio,
perdido na imensidão.
Você que encheu esse vazio de amor me ensinou
que a dor só trás tristeza.
Você que aumentou minha alto estima,
me colocando pra cima tirando
o meu rancor.
Deus luz a minha vida,
razão aos meus sentimentos e fez morada pra viver.
Você, sem você não sou nada tudo fica sem graça,
tudo fica vazio.
Mas você que foi grande, invadindo minha vida
tirando todas as feridas me deixou assim.
Leve, solta capaz de amar de ser feliz novamente.
E hoje estou tão contente, porque descobri...Você...
O amor....

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dar Não è Fazer Amor

Luís Fernando Veríssimo

Dar é dar.
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...
Te chama de nomes que eu não escreveria...
Não te vira com delicadeza...
Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar....
Sem querer apresentar pra mãe...
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...
Te amolece o gingado...
Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem
esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.
Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar.
É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra dar
o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:
"Que que cê acha amor?".
É não ter companhia garantida para viajar.
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho...
É não ter alguém para ouvir seus dengos...
Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.
Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar
Experimente ser amado...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O Meu Amor

Chico Buarque

O meu amor
tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele inteira fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos
Viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo
Ri do meu umbigo
E me crava os dentes, ai

Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca
Quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba malfeita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita, ai

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios
De me beijar os seios
Me beijar o ventre
E me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo
Como se o meu corpo fosse a sua casa, ai

Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Penetrante Olhar

Martinho da Vila / Zé Katimba / Zé Inácio

Um dia cruzei com você, menina
Suspirei fundo ao te ver passar
É minha sina
A danada da paixão
Fiquei desorganizado
Quase sem respiração
Voltei e fui seguindo
Com a intenção de conquistar
Mas de repente
Também pra mim se voltou
E magicamente me fitou
Bambeei, disfarcei
A perdi
E nunca mais me encontrei
Se um dia este samba lhe chegar
Saiba que ele
Nasceu desse seu penetrante olhar

domingo, 24 de outubro de 2010

Para Onde Que Vão Os Versos ?

Cecília Meirelles

Para onde é que vão os versos
que às vezes passam por mim
como pássaros libertos?

Deixo-os passar sem captura,
vejo-os seguirem pelo ar
- um outro ai, de outros jardins...

Aonde irão? A que criaturas
se destinam, que os alcançam
para os possuir e amestrar?

De onde vêm? Quem os projeta
como translúcidas setas?
E eu, por que os deixo passar,
como alheias esperanças

sábado, 23 de outubro de 2010

Odeon

Ernesto Nazareth / Ubaldo Sciangula

Ai quem me dera
O meu chorinho tanto tempo abandonado
E a melancolia que eu sentia
Tanto ouvia
Ter que fazer canto chorar

Ele me lembra tanto, tanto
De outro encanto de um passado
Que era lindo, era triste, era bom
Igualzinho ao chorinho chamado Odeon

Pensando flauta e cavaquinho
Meu chorinho se desata
Tira da canção no violão esse bordão
Que me dá vida, que me mata

É só carinho, meu chorinho
Quando pega e chega assim devagarzinho
Meia luz, meia voz, meio tom
Meu chorinho chamado Odeon

Abre depressa
Chorinho querido, vem
Mostra da graça que o choro sentido tem
Quanto tempo passou, quanta coisa mudou
Já ninguém chora mais por ninguém

Ah, quem diria que um dia, chorinho meu
Você viria com a graça que o amor lhe deu
Pra dizer não faz mal
Tanto faz, tanto fez
Eu voltei pra chorar por vocês

Chora bastante, meu chorinho
Teu chorinho de saudade
Diz ao Bandolim pra não tocar tão lindo assim
Porque parece até maldade

Ai meu chorinho, eu só queria
Transformar em realidade a poesia
Ai que lindo, ai que triste, ai que bom
De um chorinho chamado Odeon

Chorinho antigo, chorinho amigo
Eu até hoje ainda persigo essa ilusão

Essa saudade que vai comigo
Que até parece aquela prece de saifão no coração

Se eu pudesse recordar e ser criança
Se eu pudesse renovar minha esperança
Se eu pudesse me lembrar como se dança
Esse chorinho que hoje em dia ninguém sabe mais

Chora bastante, meu chorinho
Teu chorinho de saudade
Diz ao Bandolim pra não tocar tão lindo assim
Porque parece até maldade

Ai meu chorinho, eu só queria
Transformar em realidade a poesia
Ai que lindo, ai que triste, ai que bom
De um chorinho chamado Odeon

Não Sei

De Oliveira / Gaya

Hoje eu estou entre onde andei
E pra onde vou eu somei o que fui
E o que serei

E se perguntarem o que senti
Eu não sei, nunca sei ...

Meu amanhã ...
Já vi passar por entre as horas de ontem que se foi
E vai voltar

Por favor, alguém me diga
Mil caminhos uma vida
Tanta coisa que eu ainda não fiz...
E hoje eu estou entre onde andei
E pra onde vou
Não sei

Por favor, alguém me diga
Mil caminhos uma vida
Tanta coisa que eu ainda não fiz...
E hoje eu estou entre onde andei
E pra onde vou
Não sei ...

Canção Do Amor Demais

Tom Jobim / Vinícius de Moraes

Quero chorar porque te amei demais
Quero morrer porque me deste a vida
Oh, meu amor
Será que nunca hei de ter paz
Será que tudo que há em mim
Só quer sentir saudade
E já nem sei o que vai ser de mim
Tudo me diz que amar será meu fim
Que desespero traz o amor
Eu nem sabia o que era o amor
Agora sei porque não sou feliz.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Respostas Ao : Não Me Dizeres Nada

José Carlos Pinho Martins

Você escreve e diz tudo divinamente
como deveria sempre ser...
Escuto tuas palavras até quando nada dizes
teu silêncio não me emudece os sentimentos,
muito pelo contrário, me atiça,
me empolga,
e me chama até você...

Não me importo se vai demorar para você me dizer "Eu Te Amo !",
pois sei que a cada dia te tenho mais e mais
dentro de mim
dentro do meu coração.

Teus beijos e carinhos não fogem de minha memória,
pois fazem parte do meu dia a dia
amo você pela mulher que você é
e não pelas palavras que você não fala, mas que diz com o olhar...

Dizer

Giselle Silva

Eu sei que quando a gente diz “Eu Te Amo”,
o mínimo que se espera de volta é um “eu também”.
E sei tbm que não te disse isso nenhuma vez...

Pode parecer que não há reciprocidade de sentimento,
ou pode não parecer nada, mas...
queria que você soubesse,
que é muito bom se sentir amada,
é indescritível saber que você me ama.

Não sei, às vezes acho que pode pensar isso
eu não quero dizer que eu amo você
como uma retribuição ao que você disse.

Quando meu coração quiser falar...
ele vai falar, gritar “Eu Te Amo”,
sem vergonha, sem medo, simples,
puro e sincero como o amor deve ser.

Acho que complico mais do que explico (esquece isso...)
você está sendo tão especial na minha vida,
sua ausência se faz tão presente meu dia,
te quero tão bem, você me faz tão bem...

Ah, ainda sinto aquele primeiro beijo
que você me deu
quando cheguei lá na feira,
fiquei com as pernas bambas...
Eu fecho os olhos
e sinto seu beijo,
e viajo até você...

Desnudar-Te

Amarilis Pazini Aires

Quero-te aqui
junto ao meu eu;
aderente,
colante,
sem culpa.

Quero sentir,
tua calma,
tua emoção,
tua explosão,
tua paixão.

Quero desvenda,
o âmago , e
ser o personagem principal.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Lírio Lutoso

Cruz e Souza

Essência das essências delicadas,
Meu perfumoso e tenebroso lírio,
Oh! dá-me a glória de celeste Empíreo
Da tu'alma nas sombras encantadas.

Subindo lento escadas por escadas,
Nas espirais nervosas do Martírio,
Das Ânsias, da Vertigem, do Delírio,
Vou em busca de mágicas estradas.

Acompanha-me sempre o teu perfume,
Lírio da Dor que o Mal e o Bem resumem,
Estrela negra, tenebroso fruto.

Oh! dá-me a glória do teu ser nevoento
para que eu possa haurir o sentimento
Das lágrimas acerbas do teu luto!.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Secretário Dos Amantes

Oswald de Andrade

I
Acabei de jantar um excelente jantar
116 francos
Quarto 120 francos com água encanada
Chauffage central
Vês que estou bem de finanças
Beijos e coisas de amor

II
Bestão querido
Estou sofrendo
Sabia que ia sofrer
Que tristeza este apartamento de hotel

III
Granada é triste sem ti
Apesar do sol de ouro
E das rosas vermelhas

IV
Mi pensamiento hacia Medina del Campo
Ahora Sevilla envuelta en oro pulverizado
Como una dádiva s mis ojos enamorados
Sin embargo que tarde la mia

V
Que alegria teu rádio
Fiquei tão contente
que fui à missa
Na igreja toda a gente me olhava
Ando desperdiçando beleza
Longe de ti

VI
Que distância!
Não choro
porque meus olhos ficam feios.

O Amor & O Tempo

Heloísa

Há tempo pra tudo
de plantar e de colher,
de esperar e de acontecer,
de sorrir e de sofrer.

Como uma árvore,
que perde as folhas no outono,
e espera a primavera
para florescer e frutificar.

Meu coração esperou
e ainda espera
o tempo de florescer.

Como disse,
há tempo para tudo,
pra sonhar e para viver,
só não haverá nunca
um tempo de não amar você.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Há Amor

Ronaldo Oliveira

Quando há amor,
não existe lugar para desesperança,
mesmo que não se dê valor ao sorriso de
uma criança.

Mesmo que o mundo acabe agora,
como que por encanto,
vou te querer mais a cada hora
e por ti não derramarei pranto.

Não por ser forte o quanto pareço,
mas por te amar, e, tu me amas também,
mesmo assim não te mereço,
mas, esperança todo mundo tem.

Jorge Maravilha

Chico Buarque

E nada como um tempo após um contratempo
Pro meu coração
E não vale a pena ficar, apenas ficar
Chorando, resmungando, até quando, não, não, não

E como já dizia Jorge Maravilha
Prenhe de razão
Mais vale uma filha na mão
Do que dois pais voando

Você não gosta de mim, mas sua filha gosta
Você não gosta de mim, mas sua filha gosta

Ela gosta do tango, do dengo, do Mengo, domingo e de cócega
Ela pega e me pisca, belisca, petisca, me arrisca e me enrosca
Você não gosta de mim, mas sua filha gosta

E nada como um dia após o outro dia
Pro meu coração
E não vale a pena ficar, apenas ficar
Chorando, resmungando até quando, não, não, não

E como já dizia Jorge Maravilha
Prenhe de razão
Mais vale uma filha na mão
Do que dois pais sobrevoando

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Valor

Jander Blaphra / André X

Há vidas que por vontade eu canto
Há vidas que por maldade eu conto
Por muitos lugares andei
Em muitos lugares morei
Muitas vidas vi passar
Por isso lhe conto meu amigo
Preste atenção, uma coisa vou cantar

A gente só dá valor à juventude
Quando estamos na meia idade
Só damos valor à natureza
Quando moramos na cidade
A gente só dá valor às amizades
Quando estamos na solidão
Nós só dá valor à frieza
Quando perdemos à razão

Quem não da valor ao que tem
Não merece ter nada de valor

Há vidas que por vontade eu canto
Há vidas que por maldade eu conto
Por muitos buracos passei
Em muitos demônios enfrentei
Nessa vida ainda vou enfrentar
Por isso lhe conto, preste atenção
Me de razão, você vai ter que escutar

A gente só dá valor às alegrias
Quando sentimos tristeza
Só damos valor ao dinheiro
Quando estamos na dureza
A gente só dá valor às máquinas
Quando não funcionam mais
Só damos valor à tranqüilidade
Quando não nos deixam em paz

Quem não da valor ao que tem
Não merece ter nada de valor

Há vidas que por vontade eu canto
Há vidas que por maldade eu conto
Por muitos lugares andei
Em muitos lugares morei
Muitas vidas vi passar
Por isso lhe conto meu amigo
Preste atenção, uma coisa vou cantar

A gente só dá valor à juventude
Quando estamos na meia idade
Só damos valor à natureza
Quando moramos na cidade
A gente só dá valor às amizades
Quando estamos na solidão
Nós só dá valor à frieza
Quando perdemos à razão

A gente só dá valor às alegrias
Quando sentimos tristeza
Só damos valor ao dinheiro
Quando estamos na dureza
A gente só dá valor às máquinas
Quando não funcionam mais
Só damos valor à tranqüilidade
Quando não nos deixam em paz

A gente só dá valor ao trabalho
Quando estamos desempregados
A gente só dá valor a religião
Quando estamos desesperados

Quem não da valor ao que tem
Não merece ter nada de valor

A gente só dá valor ao que é nosso
Quando não possuímos mais
A gente só dá valor a certeza
Quando tanto fez, tanto faz

Impressões do Som

Gilka Machado

Falas... E, por te ouvir, me
fico muda e queda; a minha
alma, porém, começa a
atravessar uma larga, uma
longa e sombria alameda de
laranjas em flor se
despetalando ao luar...

Falas... Pelo silêncio há
capulhos de seda...
Toma-me a sensação de um
langor singular...
Falas... E tua fala, ora triste,
ora leda, tem a ascensão sutil
do aroma a espiralar

Falas... Ao te escutar, sinto,
nesse momento, que tua voz
é um branco, é um
perfumoso ungüento para a
chaga febril do meu grande
pesar...

Falas... E, ora, sentindo a tua
suave fala, cuido que um
anjo louro, a sorrir, despetala
flores, sobre meu Sonho
aflito, a agonizar

Voz de surdinas, voz
sugestiva, que assumes a
solene expressão de uma
prece longeva
Voz de surdinas, voz que na
cama se eleva, acariciante,
sutil; voz que o senso
presume a manifestação
exterior de uma leva de
flores, a harmonia etérea do
perfume

Recorda-me esta voz, de tão
meiga, tão mansa, a canção
maternal que me embalava
em criança, e me sinto
infantil, ora, queda, a escutá-la

Essa voz mais parece uma
voz subjetiva, esta voz tão
somente o Silêncio a deriva,
esta voz, com certeza, é do
Silêncio a fala

sábado, 16 de outubro de 2010

Preceito De Te Amar

Eduardo Favarin

Noite fria
Chuva fina batendo na janela
Mas onde esta meu amor nessa hora?
Gostaria muito de compartilhar esse momento com ela

Deitado sozinho na minha cama
Espaço sobrando no meu colchão
Será que algum dia terei o previlégio
De preencher essa lacuna que tambem existe em meu coração?

Frio é o clima, quente é ela
Otimista minha mente.
Falta pouco, muito pouco
Para que possamos estar juntos finalmente

Um dia, uma semana, um mês
Talvez nunca, talvez amanhã
Pederia ser agora (quem me dera)
Quero ter ela toda, e não só como uma irmã

Assim como Einstein disse que:
"É mais facil quebrar um átomo do que um preconceito"
Meu amor por você é igual
"É mais facil eu morrer do que destruir esse preceito...
... de te amar."

Elogios A Você

Carlos Veiga

Linda - amada - maravilhosa
fada - singela - carinhosa
poderosa - firme - misteriosa
sulime - irreverente - inteligente

Morena - encantadora - cantora
formosa - jeitosa - gostosa
delirante - deliciosa - ardente
envolvente - surpreendente - atraente

Profunda - vida - motivo
tudo - nada - sentido...

Minha vida é você...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Elogio Do Revolucionário

Victor Hugo

Quando aumenta a repressão, muitos desanimam.
Mas a coragem dele aumenta.
Organiza sua luta pelo salário, pelo pão
e pela conquista do poder.
Interroga a propriedade:
De onde vens?
Pergunta a cada idéia:
Serves a quem?
Ali onde todos calam, ele fala
E onde reina a opressão e se acusa o destino,
ele cita os nomes.
À mesa onde ele se senta
se senta a insatisfação.
À comida sabe mal e a sala se torna estreita.
Aonde o vai a revolta
e de onde o expulsam
persiste a agitação.

Obsessão Meu Amor

Jorge Ben Jor

Estou pensando em fazer
Uma doce canção como você
Como você, meu sonho aflito
Meu fruto proibido
Como você, meu anjo colorido
Meu tesouro escondido
Como você, onde vai você
O que faz você, como vai você
Diga pra mim, meu amor
Diga pra mim, por favor
Apesar de saber
Que você tem sempre admiradores
Em volta de você
Eu acho que continua sendo
Um prazer incentivante pra mim
De ouvir, de olhar, de sentir, de gostar
De querer você
Pois você continua sendo a razão
Da minha obsessão por você
Por você, onde vai você
O que faz você, como vai você
Bababubabuba
Meu amor, meu amor
Meu amor, meu amor
O que bate fica

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Quanto Vale A Liberdade ?

Redson

Quanto vale a liberdade?
Pra vocês ela tem um preço
Quanto vale a confiança?
Não quero esperar
Não acredito no seu dinheiro

Onde está o seu caráter
Deve estar perdido em algum beco
Horas você enlouquece
E depois quer fugir
Se refugia como um animal, como um animal

Dia após dia eu procuro ir em frente
Vê se me entende, não há razão, não há razão
Já não pode mais pensar
Olhe para tudo como está
Agora eu sei que não há preço
Mas me sinto acorrentado

Dia após dia, e não há razão, não há razão
Quanto vale a liberdade?
Quanto vale a liberdade?
Não importa, eu vou em frente
Não importa, eu vou em frente, não!

Porque Nós ?

Marcelo Janeci / Luiz Tatit

Éramos célebres líricos
Éramos sãos
Lúcidos céticos
Cínicos não
Músicos práticos
Só de canção
Nada didáticos
Nem na intenção
Tímidos típicos
Sem solução
Davam-nos rótulos
Todos em vão
Éramos únicos
Na geração
Éramos nós dessa vez

Tínhamos dúvidas clássicas
Muita aflição
Críticas lógicas
Ácidas não
Pérolas ótimas
Cartas na mão
Eram recados
Pra toda a nação
Éramos súditos
Da rebelião
Símbolos plácidos
Cândidos não
Ídolos mínimos
Múltipla ação

Sempre tem gente pra chamar de nós
Sejam milhares, centenas ou dois
Ficam no tempo os torneios da voz
Não foi só ontem, é hoje e depois
São momentos lá dentro de nós
São outros ventos que vêm do pulmão
Ganham cores na altura da voz
E os que viverem verão

Fomos serenos num mundo veloz
Nunca entendemos então por que nós
Só mais ou menos

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Imaginário

Eduardo Gudin

O que eu mais quero
É encontrar na minha estrada
Minha alma abandonada
onde abandonei
Quando deixei
de ser um sonhador
Trovador
Cedo amor
Meu corpo então
ficou vazio
E caminha por aí
Vai por onde for
Passos de um zumbi
sem cor
Um livro aberto
Uma história sertaneja
Onde a estrada vira mata
Vôo de azulão
Então dei asa
à imaginação
Distraí
Viajei
E minha alma
estava ali
Só querendo me encontrar
Página de dor
onde o escritor
chorou
Se é verdade
não faz mal
História surreal
Quem quiser
que conte outra
ao som do temporal.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Meu Coração Não quer Viver Batendo Devagar

Isabela Taviani

Foi assim que me viu numa dor sem graça
Me vestiu, me despiu, me fez outro e prata
Um amor que me arrancou pela raiz e me brotou
Ahhh, me fez florir.

Foi um breve temporal, inundou meu corpo
Foi um dócil animal, lúcido e louco
Me fez ver assombração, espremeu meu coração
Ahhh, me fez canção.

Há quem diga que é o meu fim
Eu prefiro a vida assim
Há quem peça pra eu não me apressar
Mas meu coração não quer viver batendo devagar
Mas meu coração não quer viver batendo devagar.

Foi assim que me ví tonta de vontade
O amor transgrediu a invencibilidade
Golpeou suavemente, nocalteou a minha mente
Ahhh, me fez nascente.

Há que diga que é o meu fim
Eu prefiro a vida assim
Há quem peça pra eu não me apressar
Mas meu coração não quer viver batendo devagar
Mas meu coração não quer viver batendo devagar.

Me leva pro seu mundo
Teu segundo, teu escudo
Levo tudo, eu me mudo
Vou me aprisionar
vou me aprisionar.

Samba De Orly

Chico Buarque / Toquinho / Vinícius de Moraes

Vai meu irmão
Pegue esse avião
Você tem razão
De correr assim
Desse frio, mas beija
O meu Rio de Janeiro
Antes que um aventureiro
Lance mão...
Pede perdão pela duração
Dessa temporada
Mas não diga nada
Que me viu chorando
E pr'os da pesada
Diz que eu vou levando...
Vê como é que anda
Aquela vida à tôa
E se puder me manda
Uma notícia boa...
Vai meu irmão
Pegue esse avião
Você tem razão
De correr assim
Desse frio, mas beija
O meu Rio de Janeiro
Antes que um aventureiro
Lance mão...
Pede perdão pela duração
Dessa temporada
Mas não diga nada
Que me viu chorando
E pr'os da pesada
Diz que eu vou levando...
Vê como é que anda
Aquela vida à tôa
E se puder me manda
Uma notícia boa...
Vai meu irmão
Pegue esse avião
Você tem razão
Mas não diga nada
Que me viu chorando
E pr'os da pesada
Diz que eu vou levando...
Pede perdão pela duração
Dessa temporada
Vê como é que anda
Aquela vida à tôa
E se puder me manda
Uma notícia boa...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A Lua & Eu

Emílio Santiago

Mais um ano se passou
E nem sequer ouvi falar seu nome, a lua e eu
Caminhando pela estrada
Eu olho em volta e só vejo pegadas
Mas não são as suas, eu sei, eu sei, eu sei
O vento faz eu lembrar vo...cê
As folhas caem mortas como eu
Quando olho no espelho
Estou ficando velho e acabado
Procuro encontrar, não sei onde está você, você, você
O vento faz eu lembrar vo...cê
As folhas caem mortas como eu

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Samba Pros Poetas

Diogo Nogueira / Inácio Rios

O povo clamando pro samba não morrer
Sambista de fato não deixa esmorecer
Bate no peito com raça e dignidade
O samba vem de angola
Mexe meu peito, a mais pura verdade.

Dizem que o samba da gente já morreu
Isso é conversa fiada, o samba cresceu
E Donga dizia pelo telefone
Que o samba é a alma do povo,
Raiz verdadeira, Brasil é seu nome.

Samba de Monarco, de Ratinho
De Noel, de Padeirinho e do Silas de Oliveira
Samba de Katimba e da vila, dona Ivone, Jovelina
E também João Nogueira
Samba pros poetas de verdade
Do Paulinho da Viola e pro Nélson Cavaquinho
Olha que o Candeia foi chegando
E o Sem Braço foi versando
Devagar, no miudinho.

Como Vai Você ?

Antônio Marcos / Mário Marcos

Como vai você?
Eu preciso saber
Da sua vida,
Peça alguém pra me contar
Sobre o seu dia...
Anoiteceu
E eu preciso de saber...

Como vai você?
Que já modificou
A minha vida,
Razão da minha paz
Tão dividida,
Nem sei se eu gosto
Mais de mim ou de você...

Vem,
Que a sede de te amar
Me faz melhor
Eu quero
Amanhecer ao seu redor
Preciso tanto me fazer feliz...

Vem,
Que o tempo pode
Afastar nós dois
Não deixe tanta vida
Pra depois
Eu só preciso saber...

Como vai você?
Que já modificou
A minha vida,
Razão da minha paz
Tão dividida,
Nem sei se eu gosto
Mais de mim ou de você...

Vem,
Que a sede de te amar
Me faz melhor,
Eu quero, eu quero
Amanhecer ao seu redor,
Preciso tanto, tanto
Me fazer feliz...

Vem,
Que o tempo
Pode afastar nós dois
Não deixe tanta vida
Pra depois,
Eu só preciso saber...
Como vai você...

Como vai você?
Como vai você?

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Amar ( Ou Mentira De Amor )

Ary Barroso

Em teu olhar tão meigo
Em teu sorriso sedutor
Em teu porte sereno
Em teu jeitinho encantador
Eu resumi, querida
Toda felicidade
O bem da minha vida
Eis a pura verdade
Agora só espero
Merecer o teu amor
Porque teu coração
Do meu já é real senhor
E juntos pelo mundo
Havemos de viver
Sem nada que perturbe
Nosso amor, podes crer.

Amar é transformar as penas em sorriso!...
Amar é transformar o inferno em paraíso!...
O amor embala a vida quando é puro,
O amor conduz à morte se é perjuro!...
Eu quero ser feliz - serei um dia!
Eu quero ser amado - serei um dia!...
Porém, amado com toda sinceridade...
Mentira de amor, não é amor, é falsidade!...

A Flor Do Maracujá

Fagundes Varella

Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do Sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá!
Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá.

Pelas tranças da mãe-d'água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá.

Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá!

Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová!
Pela lança ensangüentado
Da flor do maracujá!

Por tudo que o céu revela!
Por tudo que a terra dá
Eu te juro que minh'alma
De tua alma escrava está!!
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá!

Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em - a -
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!

Poemeto Erótico

Manuel Bandeira

Teu corpo é tudo o que brilha
Teu corpo é tudo o que cheira
Rosa, flor de laranjeira

Teu corpo, claro e perfeito
Teu corpo de maravilha
Quero possuí-lo no leito estreito da redondilha

Teu corpo, branco e macio
E' como um véu de noivado.
Teu corpo é pomo doirado,
Rosal queimado de estio
Desfalecido em perfume
Teu corpo é a brasa do lume

Teu corpo é chama
E flameja como à tarde os horizontes
É puro como nas fontes a água clara que serpeja,
Que em cantigas se derrama, volúpia da água e da chama

Teu corpo é tudo o que brilha,
Teu corpo é tudo o que cheira.

A todo momento o vejo
Teu corpo, a única ilha no oceano do meu desejo."

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Valsa Azul

José Miguel Wisnik

Não sei se sonhei
Ou se embarquei
Pela loucura além

Não sei se voei
E me perdi
Se só viajei
Ou se bebi

Eu só sei que vi
No chão se abrir
Para flor do espanto meu
Um poço sem fundo
Lá no fundo do céu

Todo trabalhado em espirais
De argila escura e luz
O poço descia sob os meus pés
Mas também subia ao chaminés

Pois mirava sempre pro círculo azul
E o céu não sabia onde era o norte e o sul

Dentro dali flutuava um sonho
Valsa invísivel da minha ilusão
Fora a cidade tremia e estremecia
De sensações em multidões

Produzindo usinas, buzinas
Mas eu só queria vertigem e o vão
Dentro do espelho daquela visão
E desejava que a lua, a prória lua
Fizesse a sua aparição

Eu fiquei assim, tempo sem fim
Tonto do encanto, além
Do que vislumbrei, e nunca vi
Do que nunca achei, e estava ali
Uma luz azul que afinal entendi
E subitamente eu me lembrei de ti

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Meu Olhar Em Teus Olhos

Cassandra Rios

Meu olhar nos teus olhos
tua boca em minha boca
teus seios em minhas mãos
tuas mãos em meu rosto:
São os primeiros solfejos!
Meu rosto em teus cabelos
tua voz em meus ouvidos
meus braços em teu corpo
teu corpo colado ao meu:
vibram as cordas dos sentidos
é a sinfonia que arrebata
ao som de gemidos e palavras!
Resvalo em fuga para me esconder
entre as pilastras do teu corpo
mãos espalmadas sobre teu ventre
...e a fonte em minha voz!

Fizemos amor!
Não esqueço!
É cena parada em minha mente!

...e continuamos,
repetindo tudo:
tua boca em minha boca
minhas mãos em teus cabelos
[emaranhadas
e os nossos corações pulsando juntos.
É o êxtase!
Eis o final!
A sinfonia estertora
ao ranger de dentes e lábios que silvam
na contorção vertiginosa
do corpo infiltrando-se pela alma!

É o gozo que aniquila!
A música do amor que termina ou faz pausa para repetição!

Ante Uma Paisagem

Gilka Machado

Quando não tarda
O Sol a despontar,
pelas de inverno
lívidas manhãs,
a Natureza, ao olhar,
parece toda agasalhada
em lãs

Manhãs serenas
e cristalinas
essas, que ficam,
horas inteiras,
no afã contínuo
das rendeiras,
tecendo a renda
fluída das neblinas

Manhãs de tédio
e de preguiça,
em que até mesmo
o Sol custa a acordar,
e o corpo pede leito,
e o deseja, e o cobiça;
manhãs que não são mais
do que noites de luar

Manhãs de paina,
em que a alma se reclina
como sobre um frouxel
nivoso e largo,
e em que há no céu
e na campina
o mesmo pronunciado
e invencível letargo

Andam anjos,
por certo asas,
ruflando pelas manhãs
de brumas, porque
tombam do céu,
de quando em quando,
crespas, estéreas plumas

O inverno a Natureza
revirgina, e quando
surge o Sol,
no início do verão,
a terra tem pudores
de menina, palpitante
de amor à solar sensação

Faz-se na natureza
um lírico noivado;
flores de laranjeira
e 'níveos véus nupciais,
traja a Terra, a esperar
que o noivo amado
venha, afinal,
lhe dar o beijo
de esponsais

O verão principia,
porém, nas coisas,
inda o inverno atua;
é dia, mas no céu
que livor, que sombria
expressão,
que macios tons de Lua!

Esta linda manhã,
tão veludosa quão fria,
a desabrochar o alvo seio,
de leve, tem o mesmo
abandono, a mesma
lentidão de uma camélia
a abrir das pétalas a neve

Toda a paisagem
é muito lânguida e fria,
há neve no arvoredo,
há neve sobre a alfombra,
com asas brancas,
a Melancolia
a Natureza ensombra

Da estrada sobre
o longo e amplo
espreguiçamento
à feila fluída da garoa,
o fantasma do Tédio,
amarelo, nevoento,
anda vagando, à toa...
Plena desolação,
pleno aniquilamento,
Tédio, somente e Tédio
a erma estrava povoa

O meu olhar
nesta paisagem sente
qualquer coisa de unção,
qualquer coisa emoliente...

O céu parece todo de penas
Asas de névoa
passam lentamente...

Nas árvores,
que estão impassíveis,
serenas,
-braços abertos
para a amplitude,
- olhos postos na altura,
há uma esperança frouxa,
indecisa, indolente,
de quem, por padecer
há muito doente,
inda dúvidas põe
na próxima ventura
E dentro da manhã
dubiamente tristonha,
das árvores a atitude
é a mesma extática
atitude de quem sonha

É dia, mas a luz
não tem calor nem raios;
onde a alegria da Natureza?
A paisagem é toda
de desmaios,
de cores e de névoas
de incerteza

É dia,
mas a estrada está vazia
e nem uma ave
o espaço corta;
o verão principia
e a Terra está
como que morta

É dia,
mas o céu é bruma,
lado a lado,
e, persistindo
num amoroso disfarce,
o Sol,
nas névoas embuçado,
continua a ocultar-se

Pelas árvores que ânsia!
Como as frondes
olham tristes a distância!

Toda de branco
para o noivado,
a paisagem inda espera:
tarde a festa
nupcial da primavera
e tarda o Sol -
o noivo desejado

Num derradeiro arranco
de paixão virgem,
luminosa, imensa,
num sonho branco...
Branco...Branco...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eu Só Penso Em Você

George Israel / Paula Toller

Saí de casa à procura de ilusões
Coincidências e confirmações
Alguém com seu nome, alguma lembrança
Alguma palavra, aquelas canções
O mundo assim parece tão pequeno
e eu continuo tendo visões

Depois que nos encontramos
eu esqueço todo tempo
que fiquei sem te ver
Fora tanto que eu me perco
fora tudo mais que eu penso
eu só penso em você
só penso em você

Eu só penso em você
Só penso em você
Só penso em você
Só penso...

Fiquei em casa a espera de nada
Nenhuma visita, nenhuma chamada
Ninguém com seu nome, nem sua feição
Nenhuma esperança, nenhuma canção
O mundo assim parece tão imenso
E eu continuo vivendo em vão