Poesias Escondidas


Uma pequena demonstração do amor pela nossa língua e nosso idioma, mesmo quando a poesia ou a letra de música for de autoria de um estrangeiro, sendo ou não radicado no Brasil, só serão publicadas as traduções ( caso o idioma não seja a língua portuguesa )...

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Pregador Maldito

Patife Band

Você não têm escolha, junte-se a nós
Não há escolha.
Seu Bolha!

Você encheu a cara
E tá de perna bamba
Você anda e a tua bunda espicha
Seu Bicha!

A tua idéia é curta
Você vive travado
O teu amigo é chato
Você tá um bagaço
Palhaço!

O teu dia é duro
Você tá sem um troco
Você não vale nada
Você é sempre o último

Você só pensa nisso
Você só pensa nisso
Você só pensa nisso

Baratas no teu quarto
Mosquitos no teu prato
Friera no teu dedo
Sujeiras no teu sangue

Seu Junkie!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Voz Do Poeta

Fagundes Varela

Perdão, Senhor meu Deus! Busco-te embalde
Na natureza inteira! O dia, a noite,
O tempo, as estações mudos sucedem-se,
Mas eu sinto-te o sopro dentro dalma!
Da consciência ao fundo te contemplo!
E movo-me por ti, por ti respiro,
Ouço-te a voz que o cérebro me anima,
E em ti me alegro, e canto, e penso!

Da natureza inteira que aviventas
Todos os elos a teu ser se prendem,
Tudo parte de ti e a ti se volta;
Presente em toda a parte, e em parte alguma,
Íntima fibra, espírito infinito,
Moves potente a criação inteira!
Dás a vida e a morte, o olvido e a glória!
Se não posso adorar-te face a face,
Oh! basta-me sentir-te sempre, e sempre!

Eu creio em ti! eu sofro, e o sofrimento
Como ligeira nuvem se esvaece
Quando murmuro teu sagrado nome!
Eu creio em ti! e vejo além dos mundos,
Minha essência imortal brilhante e livre,
Longe dos erros, perto da verdade,
Branca dessa brancura imaculada
Que os gênios inspirados nesta vida
Em vão tentaram descobrir no mármore!

domingo, 10 de agosto de 2008

Mãos Dadas

Cassandra Rios


Mãos dadas!
Tu e eu!
Sempre de mãos dadas!
Fizemos amor assim!
Sentimos o gozo percorrer nossos corpos
entre arrepios que surgiam
da palma das nossas mãos unidas,
dedos entrelaçados!
Viste, amor! Isso é a electrostática da
[alma!
Aquele arrepio que sentimos,
quando nos olhamos
e quando estremecemos de emoção
só no simples gesto de mãos dadas!
Que extraordinária força
descobrimos em nós
quando vibramos simultaneamente
a esse simples contato.

É a eletricidade da vida que explode em amor!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Canto Em Qualquer Canto

Itamar Assumpção

Vim cantar sobre essa terra
Antes de mais nada, aviso
Trago facão, paixão crua
E bons rocks no arquivo
Tem gente que pira e berra
Eu já canto, pio e silvo
Se fosse minha essa rua
O pé de ypê tava vivo

Pro topo daquela serra
Vamos nós dois, vídeo e livros
Vou ficar na minha e sua
Isso é mais que bom motivo
Gorjearei pela terra
Para dar e ter alívio
Gorjeando eu fico nua
Entre o choro e o riso

Pintassilga, pomba, melroa
Águia lá do paraíso
Passarim, mundo da lua
Quando não trino, não sirvo
Caso a bela com a fera
Canto porque é preciso
Porque esta vida é árdua
Pra não perder o juízo

Fogo Escondido

Jô Oliveira - do livro Érebos (1990)

Boutade! Boutada!
Ninguém toca nossa loucura
nossa música
clochards mrtos na rua congelados
o frio ártico causa mortes & caos.

Europa! Europa!
Naves brilhantes sob o céu
falacha noite etíope
África do Sul
crossaroads on the run
a língua iorubá nação nagô
atotô, meu pai!

Minas meninas gerais
noredeste em flor
no ar das montanhas distantes do mar
guerreiros em palhas
tribos & nômades
penetram no teu bourdois...

sábado, 2 de agosto de 2008

A Uma Mulher

Paul Verlaine

Para vós são estes versos, pela consoladora
Graça dos olhos onde chora e ri um sonho
Doce, pela vossa alma pura e sempre boa,
Versos do fundo desta aflição opressora.

Porque, ai! o pesadelo hediondo que me assombra
Não dá tréguas e, louco, furioso, ciumento,
Multiplica-se como um cortejo de lobos
E enforca-se com o meu destino que ensangüenta!

Ah ! sofro horrivelmente, ao ponto de o gemido
Desse primeiro homem expulso do Paraíso
Não passar de uma écloga à vista do meu !

E os cuidados que vós podeis ter são apenas
Andorinhas voando à tarde pelo céu
- Querida - num belo dia ameno de setembro.

Canto De Outono

Baudelaire

I


Em breve iremos mergulhar nas trevas frias;
Adeus, radiosa luz das estações ligeiras!
Ouço tombar no pátio em vibrações sombrias
A lenha que ressoa à espera das lareiras.

Em meu ser outra vez se hospedará o inverno:
Ódio, arrepio, horror, labor duro e pesado,
E, como o sol a arder em seu glacial inferno,
Meu coração é um bloco rubro e enregelado.

Tremo ao ouvir tombar cada feixe de lenha;
Não faz eco mais surdo a forca que se alteia.
Minha alma se compara à torre que despenha
Aos pés do aríete incansável que a golpeia.

Parece-me, ao sabor de sons em abandono,
Que alhures um caixão se prega a toda pressa.
Para que? - Ontem era o verão; eis o outono!
Rumor estranho de quem parte e não regressa...


II

Amo em teu longo olhar a luz esverdeada,
Doce amiga, mas hoje amarga-me um pesa,
E nem o teu amor, o lar, a alcova, nada
Vale mais do que o sol raiando sobre o mar.

Mas ama-me assim mesmo e cheia de ternura,
Sê mãe para o perverso, o ingrato em todo caso;
Sê, amante ou irmã, a efêmera doçura
De um outono glorioso ou a de um sol no ocaso.

Breve é a missão! A tumba espera, ávida,à frente!
Ah, deixa-me, a cabeça em teus joelhos pousada,
Degustar, recordando o estio claro e ardente,
Deste fim de estação a suave luz dourada!

Silêncio

Edgard Allan Poe

Há qualidades incorpóreas, de existência
dupla, nas quais segunda vida se produz,
como a entidade dual da matéria e da luz,
De que o sólido e a sombra espelham a evidência.

Há pois, duplo silêncio; o do mar e o da praia,
do corpo e da alma; um, mora em deserta região
que erva recente cubra e onde, solene, o atraia
lastimoso saber; onde a recordação

O dispa de terror; seu nome é "nunca mais";
E o silêncio corpóreo. A esse, não temais!
Nenhum poder do mal ele tem. Mas, se uma hora

Um destino precoce (oh, destinos fatais!)
Vós levar as regiões soturnas, que apavora
sua sombra, elfo sem nome, ali onde humana palma

Jamais pisou, a Deus recomendai vossa alma!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Verde

Eduardo Gudin

Quem pergunta por mim
Já deve saber
Do riso no fim
De tanto sofrer
Que eu não desisti
Das minhas bandeiras
Caminhos, trincheiras da noite

Eu que sempre apostei
Na minha paixão
Guardei um país
No meu coração
Um foco de Liz
Seduz a razão
De repente a visão da esperança!
Quis este sonhador
Aprendiz de tanto suor
Ser feliz num gesto de amor
Meu país acendeu a cor

Verde as matas no olhar
Ver de perto
Ver de novo um lugar
Ver adiante
Sede de navegar
Verdejantes tempos
Mudança dos ventos no meu coração