Poesias Escondidas


Uma pequena demonstração do amor pela nossa língua e nosso idioma, mesmo quando a poesia ou a letra de música for de autoria de um estrangeiro, sendo ou não radicado no Brasil, só serão publicadas as traduções ( caso o idioma não seja a língua portuguesa )...

quarta-feira, 31 de março de 2010

Bom Sonho

Vange Leonel

Um bom sonho pra você
Que você se divirta pra valer
Que você nas ondas
Possa perceber o mar
O mar a nos banhar
O mar a introceder
Que você no sonho possa então
Se convencer
Que tem que acontecer
Um bom sonho pra você
Que você se divirta pra valer
Que você no sonho
Possa sempre imaginar
E mesmo a trabalhar
Consiga imaginar
Que você no sonho
Sonhe mesmo sem querer
Sem ter que acontecer
Um bom sonho pra você
Que você se divirta pra valer

Tudo Diferente

André Carvalho

Todos caminhos trilham pra a gente se ver
Todas as trilhas caminham pra gente se achar, viu
Eu ligo no sentido de meia verdade
Metade inteira chora de felicidade
A qualquer distância o outro te alcança
Erudito som de batidão
Dia e noite céu de pé no chão
O detalhe que o coração atenta
Todos caminhos trilham pra a gente se ver
Todas as trilhas caminham pra gente se achar, né
Eu ligo no sentido de meia verdade
Metade inteira chora de felicidade
A qualquer distância o outro te alcança
Erudito som de batidão
Dia e noite céu de pé no chão
O detalhe que o coração atenta
Todos caminhos trilham pra a gente se ver
Todas as trilhas caminham pra gente se achar, né
Eu ligo no sentido de meia verdade
Metade inteira chora de felicidade
(2x)
A qualquer distância o outro te alcança
Erudito som de batidão
Dia e noite céu de pé no chão
O detalhe que o coração atenta
Você passa, eu paro
Você faz, eu falo
Mas a gente no quarto sente o gosto bom que o oposto tem
Não sei, mas sinto, uma força que embala tudo
Falo por ouvir o mundo, tudo diferente de um jeito bate
Todos caminhos trilham pra a gente se ver
Todas as trilhas caminham pra gente se achar, viu
Eu ligo no sentido de meia verdade
Metade inteira chora de felicidade
A qualquer distância o outro te alcança
Erudito som de batidão
Dia e noite céu de pé no chão
O detalhe que o coração atenta

O Poeta Do Estácio

Celso Fonseca / Ronaldo Bastos

Quem não gosta de samba
Diz que o samba acabou
Mas quem nasce no Estácio
Sabe que ele é o senhor
Quem vem lá da Bahia
E não tem samba no pé
Ajoelha e não reza
Recita o terço se fé
Um cara que desdenha um grande amor
Ele zomba do samba,prova e não sente o sabor
Mas tem hora que um cara vai aprender dar valor
Pede a benção ao Samba
E proteção ao Melô
É na roda de bamba
Que se aprende a cair
Tem o Elton Medeiros
Que não me deixa mentir
Quem não gosta de samba
Diz que o samba acabou
O Poeta do Estácio
Sabe que ele é o senhor
Um cara que desdenha um grande amor
Ele zomba do samba,prova e não sente o sabor
Mas tem hora que um cara dá valor
Pede a benção ao Samba
E proteção ao Melô

Sempre Brilhará

Celso Blues Boy

Por dentro eu sei
Que nunca senti
Nada além de amor
Em tudo o que vivi
Estou deixando o céu
Rumo ao inferno
Só, sem você
Mas não há nada a fazer
As coisas são assim
Prá que se lamentar
Se dentro de nós
Sempre existirá
Sempre existirá
Toda esperança
Sempre brilhará
Do outro lado da noite
Aonde você está
Espantarei mil demônios
Não hesitarei
Andarei na escuridão
Dessa guerra sem fim

O Quereres

Caetano Veloso

Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão

Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói

Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock’n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus

O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim

Águas De Março

Tom Jobim

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o MatitaPereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão,
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
pau, pedra, fim, caminho
resto, toco, pouco, sozinho
caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.

She's Carioca

Tom Jobim

Ela é carioca, she's a carioca
Just see the way she walks
Nobody else can be what she is to me
I look and what do I see
When I look deep in her eyes
I can see the sea
A forgoten road
The caressing skies
And not only that, I'm in love with her
The most exciting way
It's written on my lips
Where her kisses stay
She smiles and all of a sudden
The world is smiling for me
And you know what else
She's a carioca
Ela é carioca
Ela é carioca, ela é carioca
Basta o jeitinho dela andar
Nem ninguem tem carinho assim para dar
Eu vejo na luz dos seus olhos
As noites do rio ao luar
Vejo a mesma luz
Vejo o mesmo ceu
Vejo o mesmo mar
And not only that, I'm in love with her
The most exciting way
It's written on my lips
Where her kisses stay
She smiles and all of a sudden
The world is smiling for me
And you know what else
She's a carioca
Ela é carioca

Alma De Pierrot

Celso Fonseca / Ronaldo Bastos

Alma de Pierrot
Quem me vê assim
Não vê a tristeza marcando a cadência
Com seu tamborim
Mais do que ninguém
Implorei a Deus
Que a alegria vestisse meus dias
Com seu Arlequim
Eu me preparava prá ver a Mangueira passar
Estação Primeira, foi lá que eu fiz meu lugar
Vindo com a minha escola a sorte sorriu afinal
Encontrei meu grande amor no Carnaval
Dessa vez não é
Chuva de verão
Chega a Quarta-Feira, renasce das cinzas
Só pensa em sambar
E foi só por causa do amor
Que na minha vida faz sol
Apontou saída prá quem não sabia
Viver sem chorar
Eu me preparava prá ver a Mangueira passar
Estação Primeira, foi lá que eu fiz meu lugar
Vindo com a minha escola a sorte sorriu afinal
Encontrei meu grande amor no Carnaval
Encontrei meu grande amor no Carnaval

terça-feira, 23 de março de 2010

Fim Dos Tempos

Ataíde Lemos

Falar de fim dos tempos
Numa geração onde a ciência
Está acima do espiritual
É ser considerado anormal.

Falar de fim dos tempos
Numa geração que se acha
Detentora da verdade
É estar foram da realidade.

Falar de fim dos tempos
Mesmo diante os acontecimentos
É ser considerado fanático;
O homem tudo pode explicar.

Falar de fim dos tempos
Mesmo assistindo o que foi escrito
Terremotos, ódio espalhados
Como louco é ser avaliado.

A ciência tudo pode justificar
Mas ela não pode explicar
A profecia que um dia fora feita
Do que se vem ocorrendo.

Um dia Jesus veio ao mundo
E, dos que o anunciaram, muitos
Não o reconheceram como o prometido
Num madeiro fora erguido.

Quem tem olhos que vejam
Quem tem ouvidos que ouçam
Aproveite enquanto há tempo
Converta-se não perca o momento.

domingo, 21 de março de 2010

A Lucidez Perigosa

Clarice Lispector

Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.
Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.
Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade
- essa clareza de realidade
é um risco.
Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve
para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.

A Vida É Uma Vitrina...

Graciette Salmon

A Vida é uma vitrina de tecidos.
A gente, por instantes,
fica de olhos perdidos
na beleza das telas deslumbrantes.
Depois, entra na loja e vai comprar.
Caixeirinha gentil, a Ilusão
vem vender ao balcão
e não se cansa de mostrar,
não se cansa
de exibir delicados,
rendilhados,
leves panos de Sonho e de Esperança.
As mãos tocam de leve
na leveza das telas.
Não vá o gesto, por mais breve,
esgarçar uma delas!
Todas tão lindas! Mas a que fascina
não está ali na grande confusão
das peças espalhadas no balcão.
E a gente diz,
num ar feliz:
"Levo daquela rósea, muito fina,
exposta na vitrina."
Logo o Destino vem (da loja é o dono)
e fala sobranceiro, com entono:
"É artigo raro.
Marca, padrão e cor: - Felicidade.
É um artigo de alta qualidade
o mais caro
de todos os tecidos.
São cortes especiais...e estão vendidos!"
...................................................................
E a gente vai comprar do áspero pano
que se encontra na seção do Desengano.

(O Que Ficou Do Sonho)

Caderno De Poesias

Clarice Pacheco

Caderno de poesias
é um belo lugar.
Tantas coisas lindas
que eu gostaria de falar.
Eu falo em formas de versos
para todos poderem escutar.
Agora você já sabe
porque tantos poetas
passam o dia escrevendo em seus cadernos de poesias.

Quero Beijar-Te Ainda

Paulo Tapajós

Quero beijar-te ainda
Uma só vez que seja
Quando se beija
Os corações batem febris
A tua imagem linda
Está sempre em mim presente
E finalmente longe de ti
Não sou feliz
Quero beijar-te ainda
Eu quero mas não posso
O amor que é nosso
A vida ingrata proibiu
Pra tanto amor peço tão pouco
Serei um louco, dirão talvez
Querer beijar-te ainda
Ao menos uma vez

Enquanto Houver Saudade

Custódio Mesquita / Mário Lago

Não posso acreditar
Que algumas vezes
Não lembres com vontade de chorar
Daqueles deliciosos quatro meses
Vividos sem sentir e sem pensar
Não posso acreditar
Que hoje não sintas
Saudade dessa história singular
Escrita com as mais suaves tintas
Que existem pra escrever o verbo ama
Enquanto houver saudade
Pensarás em mim
Pois a felicidade
Não se esquece assim
O amor passa mas deixa
Sempre a recordação
De um beijo ou de uma queixa
No coração

Me Chama

Lobão

Chove lá fora
E aqui tá tanto frio
Me dá vontade de saber...
Aonde está você?
Me telefona
Me Chama! Me Chama!
Me Chama!...
Nem sempre se vê
Lágrima no escuro
Lágrima no escuro
Lágrima!...
Tá tudo cinza sem você
Tá tão vazio
E a noite fica
Sem porque...
Aonde está você?
Me telefona
Me Chama! Me Chama!
Me Chama...
Nem sempre se vê!
Mágica no absurdo
Mágica no absurdo
Mágica!...
Nem sempre se vê!
Lágrima no escuro
Lágrima no escuro
Lágrima!...
Nem sempre se vê!
Mágica no absurdo
Mágica no absurdo
Mágica!...
Nem sempre se vê!
Lágrima no escuro
Lágrima no escuro
Lágrima!...