José Miguel Wisnik
Não sei se sonhei
Ou se embarquei
Pela loucura além
Não sei se voei
E me perdi
Se só viajei
Ou se bebi
Eu só sei que vi
No chão se abrir
Para flor do espanto meu
Um poço sem fundo
Lá no fundo do céu
Todo trabalhado em espirais
De argila escura e luz
O poço descia sob os meus pés
Mas também subia ao chaminés
Pois mirava sempre pro círculo azul
E o céu não sabia onde era o norte e o sul
Dentro dali flutuava um sonho
Valsa invísivel da minha ilusão
Fora a cidade tremia e estremecia
De sensações em multidões
Produzindo usinas, buzinas
Mas eu só queria vertigem e o vão
Dentro do espelho daquela visão
E desejava que a lua, a prória lua
Fizesse a sua aparição
Eu fiquei assim, tempo sem fim
Tonto do encanto, além
Do que vislumbrei, e nunca vi
Do que nunca achei, e estava ali
Uma luz azul que afinal entendi
E subitamente eu me lembrei de ti
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