Luis R. Santos
Deslizo pela noite adentro à procura de paz
serena-me a alma a voz branda de um riacho
haurido pela boca férvida do estio
nem uma palha se mexe e o calor é carrasco.
Na pele sinto
a sua boca chupando-me o suor
eu sei que as sanguessugas espiam-me o sangue
na água mergulho os pés e assim sirvo-lhes a ceia
são silenciosas como a morte.
O silêncio da noite assenta-me como coroa de louros
em cabeça imperial
sentado num trono de musgo eu comando a imaginação pelos céus
à conquista de um punhado de estrelas.
Assim adormeço com um sorriso nos lábios,
tão longe, tão longe do chão...
Alheio ao festim das sanguessugas
e à canção das águas gentis.
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