Felipe Fortuna
Abro um armário que não tem Deus
e, portanto, serve para pendurar
as roupas daquele dia. No dia
seguinte, o mesmo armário demonstra
que será assim, sem Deus, embora eu me vista.
Os dias passam de portas abertas ou fechadas
e roupas sem providência me cobrem
Vou pela rua e me segue o espaço desse armário
e não retiro do bolso nem carta nem mesmo
o peso da camisa tão necessária.
Quando me dispo, a roupa volta ao armário?
Diante das portas, nem sempre decido
– e o que faço é deixar ou não pendurada
a forma do meu corpo, que preenche
a nudez que um dia também pendurarei lá dentro.
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