Thais Guimarães
ao poeta João Batista Jorge
Posto o morto, raso o poço.
Precisei retornar.
E retornei para olhar
o corpo do amor
que não me coube enterrar.
Foi longo o tempo
entre carne e terra
entre terra e ar
palavra e poesia.
Hoje, compreendo o que morre
e o que nunca morrerá
Poesias Escondidas
sexta-feira, 30 de maio de 2014
domingo, 18 de maio de 2014
Os Espaços
Felipe Fortuna
Abro um armário que não tem Deus
e, portanto, serve para pendurar
as roupas daquele dia. No dia
seguinte, o mesmo armário demonstra
que será assim, sem Deus, embora eu me vista.
Os dias passam de portas abertas ou fechadas
e roupas sem providência me cobrem
Vou pela rua e me segue o espaço desse armário
e não retiro do bolso nem carta nem mesmo
o peso da camisa tão necessária.
Quando me dispo, a roupa volta ao armário?
Diante das portas, nem sempre decido
– e o que faço é deixar ou não pendurada
a forma do meu corpo, que preenche
a nudez que um dia também pendurarei lá dentro.
Abro um armário que não tem Deus
e, portanto, serve para pendurar
as roupas daquele dia. No dia
seguinte, o mesmo armário demonstra
que será assim, sem Deus, embora eu me vista.
Os dias passam de portas abertas ou fechadas
e roupas sem providência me cobrem
Vou pela rua e me segue o espaço desse armário
e não retiro do bolso nem carta nem mesmo
o peso da camisa tão necessária.
Quando me dispo, a roupa volta ao armário?
Diante das portas, nem sempre decido
– e o que faço é deixar ou não pendurada
a forma do meu corpo, que preenche
a nudez que um dia também pendurarei lá dentro.
sábado, 17 de maio de 2014
Poema Oblíquo
Fernando Fábio Fiorese Furtado
A tarefa
até o fim adiada
revolve o mesmo bolso
a mão esquerda empena
a direita entorna
– pouco para um horizonte
em algibeira vazia
relógio desanda
um manual de verticais
os modos de saber
são modos de adoecer:
manuseá-los não cura
e nada que escreva
o remédio apura
A tarefa
até o fim adiada
revolve o mesmo bolso
a mão esquerda empena
a direita entorna
– pouco para um horizonte
em algibeira vazia
relógio desanda
um manual de verticais
os modos de saber
são modos de adoecer:
manuseá-los não cura
e nada que escreva
o remédio apura
Um Beijo
Rumo
Um beijo
tão doce quanto o mel
que essa mulher produz em seu trabalho
tão quente como as mãos daquele homem
que me olha como se dissesse
"vem, eu amo"
oh minha mãe do céu eu amo inteiro
o mel com que tu me alimentas
eu amo, oh meu rei dos mares
o calor das mãos com que me acaricias
oh minha fada, meu rei
trago em minha boca um gosto amargo de tanto mel
arde no meu peito um menino
que não me deixa em paz
por tudo o que fizemos, por todo amor que possuímos
atenda!
eu só quero um beijo
mais nada...
Um beijo
tão doce quanto o mel
que essa mulher produz em seu trabalho
tão quente como as mãos daquele homem
que me olha como se dissesse
"vem, eu amo"
oh minha mãe do céu eu amo inteiro
o mel com que tu me alimentas
eu amo, oh meu rei dos mares
o calor das mãos com que me acaricias
oh minha fada, meu rei
trago em minha boca um gosto amargo de tanto mel
arde no meu peito um menino
que não me deixa em paz
por tudo o que fizemos, por todo amor que possuímos
atenda!
eu só quero um beijo
mais nada...
domingo, 11 de maio de 2014
Disparada
Geraldo Vandré
Prepare o seu coração
Pras coisas
Que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar
Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo
A morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar
Eu vivo pra consertar
Na boiada já fui boi
Mas um dia me montei
Não por um motivo meu
Ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse
Porém por necessidade
Do dono de uma boiada
Cujo vaqueiro morreu
Boiadeiro muito tempo
Laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente
Pela vida segurei
Seguia como num sonho
E boiadeiro era um rei
Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos
Que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei
Então não pude seguir
Valente em lugar tenente
E dono de gado e gente
Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata
Mas com gente é diferente
Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto pra enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar
Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe
Do que eu
Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei
Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe
Do que eu
Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei
Prepare o seu coração
Pras coisas
Que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar
Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo
A morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar
Eu vivo pra consertar
Na boiada já fui boi
Mas um dia me montei
Não por um motivo meu
Ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse
Porém por necessidade
Do dono de uma boiada
Cujo vaqueiro morreu
Boiadeiro muito tempo
Laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente
Pela vida segurei
Seguia como num sonho
E boiadeiro era um rei
Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos
Que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei
Então não pude seguir
Valente em lugar tenente
E dono de gado e gente
Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata
Mas com gente é diferente
Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto pra enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar
Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe
Do que eu
Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei
Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe
Do que eu
Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei
sábado, 10 de maio de 2014
Você É Má
Zeca Baleiro
Vá se danar!
Você dá nada a ninguém
Nem um olhar
Nunca falou tudo bem
Tem, mas não dá
Sorrir jamais lhe convém
Você é má
Mas há de ter um bem
Você dá nada a ninguém
Vá se danar!
Danada, não perde o trem
Sabe nadar
Mas nada sabe de alguém que sabe amar
Eu quero ser seu bem
Você é má
Você é maluca
Você é malina
Você é malandra
Só não é massa
E você magoa
E você massacra
E você machuca
E você mata!
Vá se danar!
Você dá nada a ninguém
Nunca dará
Nem mesmo um simples amém
A Deus dirá
Diz que não vai à Belém
Você é má
Mas pode ter um bem
Você dá nada a ninguém
Vá se danar!
Danada, finge tão bem
Sabe negar
Jamais dá a quem tem demais pra dar
Mas eu serei seu bem
Você é má
Você é maluca
Você é malina
Você é malandra
Só não é massa
E você magoa
E você massacra
E você machuca
Você mata!
Você é maluca
Você é malina
Você é malandra
Só não é massa
E você magoa
E você massacra
E você machuca
E você mata!
Vá se danar!
Você dá nada a ninguém
Nunca dará
Nem mesmo um simples amém
A Deus dirá
Diz que não vai à Belém
Você é má
Mas pode ter um bem
Você dá nada a ninguém
Vá se danar!
Danada, finge tão bem
Sabe negar
Jamais dá a quem tem demais pra dar
Mas eu serei seu bem
Você é má
Você é maluca
Você é malina
Você é malandra
Só não é massa
E você magoa
E você massacra
E você machuca
Você mata!
Vá se danar!
Você dá nada a ninguém
Nem um olhar
Nunca falou tudo bem
Tem, mas não dá
Sorrir jamais lhe convém
Você é má
Mas há de ter um bem
Você dá nada a ninguém
Vá se danar!
Danada, não perde o trem
Sabe nadar
Mas nada sabe de alguém que sabe amar
Eu quero ser seu bem
Você é má
Você é maluca
Você é malina
Você é malandra
Só não é massa
E você magoa
E você massacra
E você machuca
E você mata!
Vá se danar!
Você dá nada a ninguém
Nunca dará
Nem mesmo um simples amém
A Deus dirá
Diz que não vai à Belém
Você é má
Mas pode ter um bem
Você dá nada a ninguém
Vá se danar!
Danada, finge tão bem
Sabe negar
Jamais dá a quem tem demais pra dar
Mas eu serei seu bem
Você é má
Você é maluca
Você é malina
Você é malandra
Só não é massa
E você magoa
E você massacra
E você machuca
Você mata!
Você é maluca
Você é malina
Você é malandra
Só não é massa
E você magoa
E você massacra
E você machuca
E você mata!
Vá se danar!
Você dá nada a ninguém
Nunca dará
Nem mesmo um simples amém
A Deus dirá
Diz que não vai à Belém
Você é má
Mas pode ter um bem
Você dá nada a ninguém
Vá se danar!
Danada, finge tão bem
Sabe negar
Jamais dá a quem tem demais pra dar
Mas eu serei seu bem
Você é má
Você é maluca
Você é malina
Você é malandra
Só não é massa
E você magoa
E você massacra
E você machuca
Você mata!
Sozinho
Caetano Veloso
Às vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois
Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho
Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho os meus desejos e planos secretos
Só abro pra você mais ninguém
Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela, de repente, me ganha?
Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?
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