Vinícius de Morais
Meu poeta eu hoje estou contente
Todo mundo de repente ficou lindo
Ficou lindo de morrer
Eu hoje estou me rindo
Nem eu mesma sei de que
Porque eu recebi
Uma cartinhazinha de você
Se você quer ser minha namorada
Ai que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer
Um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porque
E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem de ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois.
Poesias Escondidas
sexta-feira, 27 de julho de 2012
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Queixas Noturnas
Augusto dos Anjos
Quem foi que viu a minha Dor chorando?!
Saio. Minh'alma sai agoniada.
Andam monstros sombrios pela estrada
E pela estrada, entre estes monstros, ando!
Não trago sobre a túnica fingida
As insígnias medonhas do infeliz
Como os falsos mendigos de Paris
Na atra rua de Santa Margarida.
O quadro de aflições que me consomem
O próprio Pedro Américo não pinta...
Para pintá-lo, era preciso a tinta
Feita de todos os tormentos do homem!
Como um ladrão sentado numa ponte
Espera alguém, armado de arcabuz.
Na ânsia incoercível de roubar a luz.
Estou à espera de que o Sol desponte!
Bati nas pedras dum tormento rude
E a minha mágoa de hoje é tão intensa
Que eu penso que a Alegria é uma doença
E a Tristeza é minha única saúde.
As minhas roupas, quero até rompê-las!
Quero, arrancado das prisões carnais.
Viver na luz dos astros imortais,
Abraçado com todas as estrelas!
A Noite vai crescendo apavorante
E dentro do meu peito, no combate.
A Eternidade esmagadora bate
Numa dilatação exorbitante!
E eu luto contra a universal grandeza
Na mais terrível desesperação...
É a luta, é o prédio enorme, é a rebelião
Da criatura contra a natureza!
Parai essas lutas, uma vida é pouca
Inda mesmo que os músculos se esforcem,
Os pobres braços do imortal se torcem
E o sangue jorra, em coalhos, pela boca.
E muitas vezes a agonia é tanta
Que, rolando dos últimos degraus,
O Hércules treme e vai tombar no caos
De onde seu corpo nunca mais levanta!
E natural que esse Hércules se estorça,
E tombe para sempre nessas lutas,
Estrangulado pelas rodas brutas
Do mecanismo que tiver mais força.
Ah! Por todos os séculos vindouros
Há de travar-se essa batalha vã
Do dia de hoje contra o de amanhã,
Igual à luta dos cristãos e mouros!
Sobre histórias de amor o interrogar-me
E vão, é inútil, é improfícuo, em suma;
Não sou capaz de amar mulher alguma
Nem há mulher talvez capaz de amar-me.
O amor tem favos e tem caldos quentes
E ao mesmo tempo que faz bem, faz mal;
O coração do Poeta é um hospital
Onde morreram todos os doentes.
Hoje é amargo tudo quanto eu gosto;
A bênção matutina que recebo...
E é tudo: o pão que como, a água que bebo,
O velho tamarindo a que me encosto!
Vou enterrar agora a harpa boêmia
Na atra e assombrosa solidão feroz
Onde não cheguem o eco duma voz
E o grito desvairado da blasfêmia!
Que dentro de minh'alma americana
Não mais palpite o coração — esta arca,
Este relógio trágico que marca
Todos os atos da tragédia humana!
Seja esta minha queixa derradeira
Cantada sobre o túmulo de Orfeu;
Seja este, enfim, o último canto meu
Por esta grande noite brasileira!
Melancolia! Estende-me a tua asa!
És a árvore em que devo reclinar-me...
Se algum dia o Prazer vier procurar-me
Diz a este monstro que eu fugi de casa!
Quem foi que viu a minha Dor chorando?!
Saio. Minh'alma sai agoniada.
Andam monstros sombrios pela estrada
E pela estrada, entre estes monstros, ando!
Não trago sobre a túnica fingida
As insígnias medonhas do infeliz
Como os falsos mendigos de Paris
Na atra rua de Santa Margarida.
O quadro de aflições que me consomem
O próprio Pedro Américo não pinta...
Para pintá-lo, era preciso a tinta
Feita de todos os tormentos do homem!
Como um ladrão sentado numa ponte
Espera alguém, armado de arcabuz.
Na ânsia incoercível de roubar a luz.
Estou à espera de que o Sol desponte!
Bati nas pedras dum tormento rude
E a minha mágoa de hoje é tão intensa
Que eu penso que a Alegria é uma doença
E a Tristeza é minha única saúde.
As minhas roupas, quero até rompê-las!
Quero, arrancado das prisões carnais.
Viver na luz dos astros imortais,
Abraçado com todas as estrelas!
A Noite vai crescendo apavorante
E dentro do meu peito, no combate.
A Eternidade esmagadora bate
Numa dilatação exorbitante!
E eu luto contra a universal grandeza
Na mais terrível desesperação...
É a luta, é o prédio enorme, é a rebelião
Da criatura contra a natureza!
Parai essas lutas, uma vida é pouca
Inda mesmo que os músculos se esforcem,
Os pobres braços do imortal se torcem
E o sangue jorra, em coalhos, pela boca.
E muitas vezes a agonia é tanta
Que, rolando dos últimos degraus,
O Hércules treme e vai tombar no caos
De onde seu corpo nunca mais levanta!
E natural que esse Hércules se estorça,
E tombe para sempre nessas lutas,
Estrangulado pelas rodas brutas
Do mecanismo que tiver mais força.
Ah! Por todos os séculos vindouros
Há de travar-se essa batalha vã
Do dia de hoje contra o de amanhã,
Igual à luta dos cristãos e mouros!
Sobre histórias de amor o interrogar-me
E vão, é inútil, é improfícuo, em suma;
Não sou capaz de amar mulher alguma
Nem há mulher talvez capaz de amar-me.
O amor tem favos e tem caldos quentes
E ao mesmo tempo que faz bem, faz mal;
O coração do Poeta é um hospital
Onde morreram todos os doentes.
Hoje é amargo tudo quanto eu gosto;
A bênção matutina que recebo...
E é tudo: o pão que como, a água que bebo,
O velho tamarindo a que me encosto!
Vou enterrar agora a harpa boêmia
Na atra e assombrosa solidão feroz
Onde não cheguem o eco duma voz
E o grito desvairado da blasfêmia!
Que dentro de minh'alma americana
Não mais palpite o coração — esta arca,
Este relógio trágico que marca
Todos os atos da tragédia humana!
Seja esta minha queixa derradeira
Cantada sobre o túmulo de Orfeu;
Seja este, enfim, o último canto meu
Por esta grande noite brasileira!
Melancolia! Estende-me a tua asa!
És a árvore em que devo reclinar-me...
Se algum dia o Prazer vier procurar-me
Diz a este monstro que eu fugi de casa!
A Obsessão Do Sangue
Augusto dos Anjos
Acordou, vendo sangue... — Horrível! O osso
Frontal em fogo... Ia talvez morrer,
Disse. olhou-se no espelho. Era tão moço,
Ah! certamente não podia ser!
Levantou-se. E eis que viu, antes do almoço,
Na mão dos açougueiros, a escorrer
Fita rubra de sangue muito grosso,
A carne que ele havia de comer!
No inferno da visão alucinada,
Viu montanhas de sangue enchendo a estrada,
Viu vísceras vermelhas pelo chão ...
E amou, com um berro bárbaro de gozo,
o monocromatismo monstruoso
Daquela universal vermelhidão!
Acordou, vendo sangue... — Horrível! O osso
Frontal em fogo... Ia talvez morrer,
Disse. olhou-se no espelho. Era tão moço,
Ah! certamente não podia ser!
Levantou-se. E eis que viu, antes do almoço,
Na mão dos açougueiros, a escorrer
Fita rubra de sangue muito grosso,
A carne que ele havia de comer!
No inferno da visão alucinada,
Viu montanhas de sangue enchendo a estrada,
Viu vísceras vermelhas pelo chão ...
E amou, com um berro bárbaro de gozo,
o monocromatismo monstruoso
Daquela universal vermelhidão!
Bailarina
Jessyswan
Anjo sem asas
dançando suavemente
linda bailarina
gira contente.
Se equilibra na sapatilha
milagre ou esforço??
linda bailarina
mexe o corpo.
Voando literalmente
com sua roupa delicada
somente uma bailarina
que não pensava em nada.
Anjo caído,
por que estás chorando?
não é nada
só estou dançando.
Pássaro humano ou anjo caído
ciência ou religião?
linda bailarina
pula saindo do chão.
Asas nos pés
força de vontade
linda bailarina
traz a felicidade.
(só uma prévia,não tinha nada pra fazer)
Anjo sem asas
dançando suavemente
linda bailarina
gira contente.
Se equilibra na sapatilha
milagre ou esforço??
linda bailarina
mexe o corpo.
Voando literalmente
com sua roupa delicada
somente uma bailarina
que não pensava em nada.
Anjo caído,
por que estás chorando?
não é nada
só estou dançando.
Pássaro humano ou anjo caído
ciência ou religião?
linda bailarina
pula saindo do chão.
Asas nos pés
força de vontade
linda bailarina
traz a felicidade.
(só uma prévia,não tinha nada pra fazer)
sexta-feira, 20 de julho de 2012
O Esquecimento
Morgana Osodrac
Tu que choras sobre um túmulo mórbido
E na madrugada lamentas a morte
E nada acalenta o teu sofrimento sórdido
Que faz sucumbi a própria sorte.
Tu que já não sentes a suavidade sufocante
Nem o pranto que na face pálida rola
Só a dor e o sofrimento angustiante
Pois é a sua alma sombria que hoje chora.
Eu, enfim, velo por seu livramentO
Mas preciso pagar pelos meus pecados
Não quero fazer julgamentos
Pois o meu espírito ainda não foi exorcizado.
Tu que choras sobre um túmulo mórbido
E na madrugada lamentas a morte
E nada acalenta o teu sofrimento sórdido
Que faz sucumbi a própria sorte.
Tu que já não sentes a suavidade sufocante
Nem o pranto que na face pálida rola
Só a dor e o sofrimento angustiante
Pois é a sua alma sombria que hoje chora.
Eu, enfim, velo por seu livramentO
Mas preciso pagar pelos meus pecados
Não quero fazer julgamentos
Pois o meu espírito ainda não foi exorcizado.
quinta-feira, 19 de julho de 2012
Durma Noite Sem Sono
Raf Dono
Dorme noite vazia
foge o drama da terra adormecida
sopre o doce em sua face
feche seus olhos agora
nesta noite do cavalgar
Quero mais é te encontrar no mar
quero mais é te levar para as dunas do vale morto
quero mais é te afogar neste abismo cheio de sono
Dorme noite vazia
foge o drama da terra adormecida
sopre o doce em sua face
feche seus olhos agora
nesta noite do cavalgar
Quero mais é te encontrar no mar
quero mais é te levar para as dunas do vale morto
quero mais é te afogar neste abismo cheio de sono
terça-feira, 17 de julho de 2012
Na Última Morada
Aermo Wolf
Uma noite fria escura e sombria
Como gosto
Nada a fazer em minha morada
Sair decido
Vagando desolado pelas ruas escuras
Ruídos distantes de veículos automotivos escuto
Mantenham distância, por favor, a ninguém quero ver.
Tarde da noite está, por isso decidi me aventurar.
Como uma ave noturna, percorro as ruas
Não voo, apenas em meus pensamentos
As ruas desoladas eu percorro
Os moradores tão bons e probos dormindo devem estar
Continuo.
Ao longe uma morada diferente avisto
A última morada dos infelizes que por este mundo passaram
Por que não? Aquele lugar quero visitar
Adentro.
Caminho sem rumo
Túmulos por todos os lados
Procuro alguma coisa?
Observo
Nada vejo
Um ruído escuto
Querem os mortos comunicação?
Talvez sim. Talvez Não.
Mover-me? Não tenho vontade
Agradável aqui está.
Paro.
Nada vejo.
Pergunto: Alguém aí está?
Nada escuto
Nada escuto
Nada vejo
Nada sinto
Nada faço. Apenas olho o ser imaterial que à minha frente está.
Uma noite fria escura e sombria
Como gosto
Nada a fazer em minha morada
Sair decido
Vagando desolado pelas ruas escuras
Ruídos distantes de veículos automotivos escuto
Mantenham distância, por favor, a ninguém quero ver.
Tarde da noite está, por isso decidi me aventurar.
Como uma ave noturna, percorro as ruas
Não voo, apenas em meus pensamentos
As ruas desoladas eu percorro
Os moradores tão bons e probos dormindo devem estar
Continuo.
Ao longe uma morada diferente avisto
A última morada dos infelizes que por este mundo passaram
Por que não? Aquele lugar quero visitar
Adentro.
Caminho sem rumo
Túmulos por todos os lados
Procuro alguma coisa?
Observo
Nada vejo
Um ruído escuto
Querem os mortos comunicação?
Talvez sim. Talvez Não.
Mover-me? Não tenho vontade
Agradável aqui está.
Paro.
Nada vejo.
Pergunto: Alguém aí está?
Nada escuto
Nada escuto
Nada vejo
Nada sinto
Nada faço. Apenas olho o ser imaterial que à minha frente está.
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Andar Com Fé
Silvia Schmidt
Andar com fé
é saber que cada dia é um recomeço,
é ter certeza que os milagres acontecem
e que os sonhos podem se realizar.
Andar com fé
é saber que temos asas invisíveis,
é fazer pedidos a estrelas cadentes
e abrir as mãos para o céu.
Andar com fé
é olhar sem temor
as portas do desconhecido,
ter a inocência dos olhos da criança,
a lealdade do cão,
a beleza da mão estendida
para dar e receber.
Andar com fé
é usar a força e a coragem
que habitam dentro de nós
quando tudo parece acabado.
Andar com fé
é saber que temos tudo a nosso favor,
é compartilhar as bênçãos multiplicadas,
é saber que sempre seremos surpreendidos
com presentes do Universo,
é a certeza que o melhor sempre acontece
e que tudo aquilo que almejamos
está totalmente ao nosso alcance.
Basta só Andar com Fé !
Andar com fé
é saber que cada dia é um recomeço,
é ter certeza que os milagres acontecem
e que os sonhos podem se realizar.
Andar com fé
é saber que temos asas invisíveis,
é fazer pedidos a estrelas cadentes
e abrir as mãos para o céu.
Andar com fé
é olhar sem temor
as portas do desconhecido,
ter a inocência dos olhos da criança,
a lealdade do cão,
a beleza da mão estendida
para dar e receber.
Andar com fé
é usar a força e a coragem
que habitam dentro de nós
quando tudo parece acabado.
Andar com fé
é saber que temos tudo a nosso favor,
é compartilhar as bênçãos multiplicadas,
é saber que sempre seremos surpreendidos
com presentes do Universo,
é a certeza que o melhor sempre acontece
e que tudo aquilo que almejamos
está totalmente ao nosso alcance.
Basta só Andar com Fé !
sexta-feira, 13 de julho de 2012
O Farol do Fim Do Mundo
Roger Silva
Em uma ilha muito distante, em pleno mar do fim do mundo,
como é conhecido o estreito de Drake, onde o mar é sempre
agitado por tormentas e o vento ríspido e gélido proveniente
das regiões glaciais da Antártida, existiu há muito tempo atrás
um farol numa pequena ilha próxima a terra do fogo.
Aquele farol era o único naquelas paragens desérticas distantes
do resto do mundo. Era a luz daquele farol que em noites
de mar escarpado, trazia aos marinheiros que por ali vagavam,
a esperança de uma chegada segura no estreito, até a saída
do canal onde seguiriam em sua viagem rumoas águas do pacífico.
No farol viveu por muito tempo um faroleiro juntamente com
sua família – sua mulher e um filho de pouco mais de cinco anos.
Anos após anos seguidos em uma rotina imutável, vendo passar
no horizonte distante, os navios
errantes e o mar impiedoso e atroz.
O farol nunca falhava. Tormenta após tormenta ele sempre estava lá,
emitindo sua luz âmbar em todas as direções daquele horizonte sempre
cinzento, encoberto por neblinas densas. Mais anos e anos
se passaram e um dia a mulher do faroleiro, na varanda do farol,
com os olhos voltados em um ponto qualquer do grande mar, enquanto
dormiam seu marido e filho, desceu até a pequena praia que ali havia,
e olhando compenetrada o gigante gelado, tomou-o pelo jardim de sua
casa que quando menina lá morava, e que agora sua mente a trazia de
volta, e no mar entrou, para o jardim voltou e de lá nunca mais saiu.
Seu esposo e filho nunca mais retornaram a vê-la.
Os anos continuaram vindo, lentos e infalíveis.
Até que em certo momento
alguma coisa pareceu ter acontecido.
O tempo era sempre lento, e a vida
no farol era como um quadro pintado, parecia não mudar com o tempo.
Era sempre a mesma imagem, o mesmo retrato. Mas um dia parece que
a ti, senhora, que reencontraste o lar
Em uma ilha muito distante, em pleno mar do fim do mundo,
como é conhecido o estreito de Drake, onde o mar é sempre
agitado por tormentas e o vento ríspido e gélido proveniente
das regiões glaciais da Antártida, existiu há muito tempo atrás
um farol numa pequena ilha próxima a terra do fogo.
Aquele farol era o único naquelas paragens desérticas distantes
do resto do mundo. Era a luz daquele farol que em noites
de mar escarpado, trazia aos marinheiros que por ali vagavam,
a esperança de uma chegada segura no estreito, até a saída
do canal onde seguiriam em sua viagem rumoas águas do pacífico.
No farol viveu por muito tempo um faroleiro juntamente com
sua família – sua mulher e um filho de pouco mais de cinco anos.
Anos após anos seguidos em uma rotina imutável, vendo passar
no horizonte distante, os navios
errantes e o mar impiedoso e atroz.
O farol nunca falhava. Tormenta após tormenta ele sempre estava lá,
emitindo sua luz âmbar em todas as direções daquele horizonte sempre
cinzento, encoberto por neblinas densas. Mais anos e anos
se passaram e um dia a mulher do faroleiro, na varanda do farol,
com os olhos voltados em um ponto qualquer do grande mar, enquanto
dormiam seu marido e filho, desceu até a pequena praia que ali havia,
e olhando compenetrada o gigante gelado, tomou-o pelo jardim de sua
casa que quando menina lá morava, e que agora sua mente a trazia de
volta, e no mar entrou, para o jardim voltou e de lá nunca mais saiu.
Seu esposo e filho nunca mais retornaram a vê-la.
Os anos continuaram vindo, lentos e infalíveis.
Até que em certo momento
alguma coisa pareceu ter acontecido.
O tempo era sempre lento, e a vida
no farol era como um quadro pintado, parecia não mudar com o tempo.
Era sempre a mesma imagem, o mesmo retrato. Mas um dia parece que
quinta-feira, 5 de julho de 2012
Poema Negro
Augusto dos Anjos
A Santos Neto
Para iludir minha desgraça, estudo.
Intimamente sei que não me iludo.
Para onde vou (o mundo inteiro o nota)
Nos meus olhares fúnebres, carrego
A indiferença estúpida de um cego
E o ar indolente de um chinês idiota!
A passagem dos séculos me assombra.
Para onde irá correndo minha sombra
Nesse cavalo de eletricidade?!
Caminho, e a mim pergunto, na vertigem:
— Quem sou? Para onde vou? Qual minha origem?
E parece-me um sonho a realidade.
Em vão com o grito do meu peito impreco!
Dos brados meus ouvindo apenas o eco,
Eu torço os braços numa angústia douda
E muita vez, à meia-noite, rio
Sinistramente, vendo o verme frio
Que há de comer a minha carne toda!
É a Morte — esta carnívora assanhada —
Serpente má de língua envenenada
Que tudo que acha no caminho, come...
— Faminta e atra mulher que, a 1 de janeiro,
Sai para assassinar o mundo inteiro,
E o mundo inteiro não lhe mata a fome!
Nesta sombria análise das cousas,
Corro. Arranco os cadáveres das lousas
E as suas partes podres examino. . .
Mas de repente, ouvindo um grande estrondo,
Na podridão daquele embrulho hediondo
Reconheço assombrado o meu Destino!
Surpreendo-me, sozinho, numa cova.
Então meu desvario se renova...
Como que, abrindo todos os jazigos,
A Morte, em trajos pretos e amarelos,
Levanta contra mim grandes cutelos
E as baionetas dos dragões antigos!
E quando vi que aquilo vinha vindo
Eu fui caindo como um sol caindo
De declínio em declínio; e de declínio
Em declínio, com a gula de uma fera,
Quis ver o que era, e quando vi o que era,
Vi que era pó, vi que era esterquilínio!
Chegou a tua vez, oh! Natureza!
Eu desafio agora essa grandeza,
Perante a qual meus olhos se extasiam...
Eu desafio, desta cova escura,
No histerismo danado da tortura
Todos os monstros que os teus peitos criam.
Tu não és minha mãe, velha nefasta!
Com o teu chicote frio de madrasta
Tu me açoitaste vinte e duas vezes...
Por tua causa apodreci nas cruzes,
Em que pregas os filhos que produzes
Durante os desgraçados nove meses!
Semeadora terrível de defuntos,
Contra a agressão dos teus contrastes juntos
A besta, que em mim dorme, acorda em berros
Acorda, e após gritar a última injúria,
Chocalha os dentes com medonha fúria
Como se fosse o atrito de dois ferros!
Pois bem! Chegou minha hora de vingança.
Tu mataste o meu tempo de criança
E de segunda-feira até domingo,
Amarrado no horror de tua rede,
Deste-me fogo quando eu tinha sede...
Deixa-te estar, canalha, que eu me vingo!
Súbito outra visão negra me espanta!
Estou em Roma. É Sexta-feira Santa.
A treva invade o obscuro orbe terrestre.
No Vaticano, em grupos prosternados,
Com as longas fardas rubras, os soldados
Guardam o corpo do Divino Mestre.
Como as estalactites da caverna,
Cai no silêncio da Cidade Eterna
A água da chuva em largos fios grossos...
De Jesus Cristo resta unicamente
Um esqueleto; e a gente, vendo-o, a gente
Sente vontade de abraçar-lhe os ossos!
Não há ninguém na estrada da Ripetta.
Dentro da Igreja de São Pedro, quieta,
As luzes funerais arquejam fracas...
O vento entoa cânticos de morte.
Roma estremece! Além, num rumor forte,
Recomeça o barulho das matracas.
A desagregação da minha idéia
Aumenta. Como as chagas da morféa
O medo, o desalento e o desconforto
Paralisam-se os círculos motores.
Na Eternidade, os ventos gemedores
Estão dizendo que Jesus é morto!
Não! Jesus não morreu! Vive na serra
Da Borborema, no ar de minha terra,
Na molécula e no átomo... Resume
A espiritualidade da matéria
E ele é que embala o corpo da miséria
E faz da cloaca uma urna de perfume.
Na agonia de tantos pesadelos
Uma dor bruta puxa-me os cabelos,
Desperto. É tão vazia a minha vida!
No pensamento desconexo e falho
Trago as cartas confusas de um baralho
E um pedaço de cera derretida!
Dorme a casa. O céu dorme. A árvore dorme.
Eu, somente eu, com a minha dor enorme
Os olhos ensangüento na vigília!
E observo, enquanto o horror me corta a fala,
O aspecto sepulcral da austera sala
E a impassibilidade da mobília.
Meu coração, como um cristal, se quebre
O termômetro negue minha febre,
Torne-se gelo o sangue que me abrasa,
E eu me converta na cegonha triste
Que das ruínas duma casa assiste
Ao desmoronamento de outra casa!
Ao terminar este sentido poema
Onde vazei a minha dor suprema
Tenho os olhos em lágrimas imersos...
Rola-me na cabeça o cérebro oco.
Por ventura, meu Deus, estarei louco?!
Daqui por diante não farei mais versos.
A Santos Neto
Para iludir minha desgraça, estudo.
Intimamente sei que não me iludo.
Para onde vou (o mundo inteiro o nota)
Nos meus olhares fúnebres, carrego
A indiferença estúpida de um cego
E o ar indolente de um chinês idiota!
A passagem dos séculos me assombra.
Para onde irá correndo minha sombra
Nesse cavalo de eletricidade?!
Caminho, e a mim pergunto, na vertigem:
— Quem sou? Para onde vou? Qual minha origem?
E parece-me um sonho a realidade.
Em vão com o grito do meu peito impreco!
Dos brados meus ouvindo apenas o eco,
Eu torço os braços numa angústia douda
E muita vez, à meia-noite, rio
Sinistramente, vendo o verme frio
Que há de comer a minha carne toda!
É a Morte — esta carnívora assanhada —
Serpente má de língua envenenada
Que tudo que acha no caminho, come...
— Faminta e atra mulher que, a 1 de janeiro,
Sai para assassinar o mundo inteiro,
E o mundo inteiro não lhe mata a fome!
Nesta sombria análise das cousas,
Corro. Arranco os cadáveres das lousas
E as suas partes podres examino. . .
Mas de repente, ouvindo um grande estrondo,
Na podridão daquele embrulho hediondo
Reconheço assombrado o meu Destino!
Surpreendo-me, sozinho, numa cova.
Então meu desvario se renova...
Como que, abrindo todos os jazigos,
A Morte, em trajos pretos e amarelos,
Levanta contra mim grandes cutelos
E as baionetas dos dragões antigos!
E quando vi que aquilo vinha vindo
Eu fui caindo como um sol caindo
De declínio em declínio; e de declínio
Em declínio, com a gula de uma fera,
Quis ver o que era, e quando vi o que era,
Vi que era pó, vi que era esterquilínio!
Chegou a tua vez, oh! Natureza!
Eu desafio agora essa grandeza,
Perante a qual meus olhos se extasiam...
Eu desafio, desta cova escura,
No histerismo danado da tortura
Todos os monstros que os teus peitos criam.
Tu não és minha mãe, velha nefasta!
Com o teu chicote frio de madrasta
Tu me açoitaste vinte e duas vezes...
Por tua causa apodreci nas cruzes,
Em que pregas os filhos que produzes
Durante os desgraçados nove meses!
Semeadora terrível de defuntos,
Contra a agressão dos teus contrastes juntos
A besta, que em mim dorme, acorda em berros
Acorda, e após gritar a última injúria,
Chocalha os dentes com medonha fúria
Como se fosse o atrito de dois ferros!
Pois bem! Chegou minha hora de vingança.
Tu mataste o meu tempo de criança
E de segunda-feira até domingo,
Amarrado no horror de tua rede,
Deste-me fogo quando eu tinha sede...
Deixa-te estar, canalha, que eu me vingo!
Súbito outra visão negra me espanta!
Estou em Roma. É Sexta-feira Santa.
A treva invade o obscuro orbe terrestre.
No Vaticano, em grupos prosternados,
Com as longas fardas rubras, os soldados
Guardam o corpo do Divino Mestre.
Como as estalactites da caverna,
Cai no silêncio da Cidade Eterna
A água da chuva em largos fios grossos...
De Jesus Cristo resta unicamente
Um esqueleto; e a gente, vendo-o, a gente
Sente vontade de abraçar-lhe os ossos!
Não há ninguém na estrada da Ripetta.
Dentro da Igreja de São Pedro, quieta,
As luzes funerais arquejam fracas...
O vento entoa cânticos de morte.
Roma estremece! Além, num rumor forte,
Recomeça o barulho das matracas.
A desagregação da minha idéia
Aumenta. Como as chagas da morféa
O medo, o desalento e o desconforto
Paralisam-se os círculos motores.
Na Eternidade, os ventos gemedores
Estão dizendo que Jesus é morto!
Não! Jesus não morreu! Vive na serra
Da Borborema, no ar de minha terra,
Na molécula e no átomo... Resume
A espiritualidade da matéria
E ele é que embala o corpo da miséria
E faz da cloaca uma urna de perfume.
Na agonia de tantos pesadelos
Uma dor bruta puxa-me os cabelos,
Desperto. É tão vazia a minha vida!
No pensamento desconexo e falho
Trago as cartas confusas de um baralho
E um pedaço de cera derretida!
Dorme a casa. O céu dorme. A árvore dorme.
Eu, somente eu, com a minha dor enorme
Os olhos ensangüento na vigília!
E observo, enquanto o horror me corta a fala,
O aspecto sepulcral da austera sala
E a impassibilidade da mobília.
Meu coração, como um cristal, se quebre
O termômetro negue minha febre,
Torne-se gelo o sangue que me abrasa,
E eu me converta na cegonha triste
Que das ruínas duma casa assiste
Ao desmoronamento de outra casa!
Ao terminar este sentido poema
Onde vazei a minha dor suprema
Tenho os olhos em lágrimas imersos...
Rola-me na cabeça o cérebro oco.
Por ventura, meu Deus, estarei louco?!
Daqui por diante não farei mais versos.
Meu Interior
Aermo Wolf
Noite fria! Acordei!
Ambiente estranho
Sensação estranha
Estranho prazer
Em meu quarto não me encontrava
Susto!
Sobre uma tumba estava
Sob mim o mármore jazia frio
Quem repousaria ali?
Atenderia se eu chamasse?
Mas o seu nome não sei
Deixo como está
Como fui parar naquele lugar?
A resposta não se demorou
Em minha cama continuava
Apenas minha mente espreitava
Aquele sombrio lugar
Nada mais era que o meu negro interior
Semelhante ao repouso dos mortos
Mas que bem vivos estão!
Noite fria! Acordei!
Ambiente estranho
Sensação estranha
Estranho prazer
Em meu quarto não me encontrava
Susto!
Sobre uma tumba estava
Sob mim o mármore jazia frio
Quem repousaria ali?
Atenderia se eu chamasse?
Mas o seu nome não sei
Deixo como está
Como fui parar naquele lugar?
A resposta não se demorou
Em minha cama continuava
Apenas minha mente espreitava
Aquele sombrio lugar
Nada mais era que o meu negro interior
Semelhante ao repouso dos mortos
Mas que bem vivos estão!
Psicologia De Um Vencido
Augusto dos Anjos
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Aos Poetas
Miguel Torga
Somos nós
As humanas cigarras.
Nós,
Desde o tempo de Esopo conhecidos...
Nós,
Preguiçosos insectos perseguidos.
Somos nós os ridículos comparsas
Da fábula burguesa da formiga.
Nós, a tribo faminta de ciganos
Que se abriga
Ao luar.
Nós, que nunca passamos,
A passar...
Somos nós, e só nós podemos ter
Asas sonoras.
Asas que em certas horas
Palpitam.
Asas que morrem, mas que ressuscitam
Da sepultura.
E que da planura
Da seara
Erguem a um campo de maior altura
A mão que só altura semeara.
Por isso a vós, Poetas, eu levanto
A taça fraternal deste meu canto,
E bebo em vossa honra o doce vinho
Da amizade e da paz.
Vinho que não é meu,
Mas sim do mosto que a beleza traz.
E vos digo e conjuro que canteis.
Que sejais menestréis
Duma gesta de amor universal.
Duma epopeia que não tenha reis,
Mas homens de tamanho natural.
Homens de toda a terra sem fronteiras.
De todos os feitios e maneiras,
Da cor que o sol lhes deu à flor da pele.
Crias de Adão e Eva verdadeiras.
Homens da torre de Babel.
Homens do dia-a-dia
Que levantem paredes de ilusão.
Homens de pés no chão,
Que se calcem de sonho e de poesia
Pela graça infantil da vossa mão.
Somos nós
As humanas cigarras.
Nós,
Desde o tempo de Esopo conhecidos...
Nós,
Preguiçosos insectos perseguidos.
Somos nós os ridículos comparsas
Da fábula burguesa da formiga.
Nós, a tribo faminta de ciganos
Que se abriga
Ao luar.
Nós, que nunca passamos,
A passar...
Somos nós, e só nós podemos ter
Asas sonoras.
Asas que em certas horas
Palpitam.
Asas que morrem, mas que ressuscitam
Da sepultura.
E que da planura
Da seara
Erguem a um campo de maior altura
A mão que só altura semeara.
Por isso a vós, Poetas, eu levanto
A taça fraternal deste meu canto,
E bebo em vossa honra o doce vinho
Da amizade e da paz.
Vinho que não é meu,
Mas sim do mosto que a beleza traz.
E vos digo e conjuro que canteis.
Que sejais menestréis
Duma gesta de amor universal.
Duma epopeia que não tenha reis,
Mas homens de tamanho natural.
Homens de toda a terra sem fronteiras.
De todos os feitios e maneiras,
Da cor que o sol lhes deu à flor da pele.
Crias de Adão e Eva verdadeiras.
Homens da torre de Babel.
Homens do dia-a-dia
Que levantem paredes de ilusão.
Homens de pés no chão,
Que se calcem de sonho e de poesia
Pela graça infantil da vossa mão.
Fantasia
Carolina Salcides
Aqui o sol é mais bonito
Eu posso ser eu
Aqui os sonhos são possíveis
Aqui o amor é infinito.
Me deixa acreditar que é possível
Fazer um mundinho dentro desse mundão
Ter asas e cabelos ao vento
Ir e vir sem julgamento.
Coisa que não existe é coisa que não se sente
Eu vejo com o coração e nele cabe tudo
O que eu sinto é real
Minha imaginação é criadora.
Ela me deixa seguir no cinza, enxergando um arco-íris no chão...
Aqui o sol é mais bonito
Eu posso ser eu
Aqui os sonhos são possíveis
Aqui o amor é infinito.
Me deixa acreditar que é possível
Fazer um mundinho dentro desse mundão
Ter asas e cabelos ao vento
Ir e vir sem julgamento.
Coisa que não existe é coisa que não se sente
Eu vejo com o coração e nele cabe tudo
O que eu sinto é real
Minha imaginação é criadora.
Ela me deixa seguir no cinza, enxergando um arco-íris no chão...
terça-feira, 3 de julho de 2012
Hodiernus
Maíra DalMaz
Os rios estão distantes
e ainda oscilantes
cambaleamos
sem travessia
sem retórica
sem agrado
nossa maioria
não admirado
e habituado
sem romaria
vida de humano
de dor fulgurante
quão abundante
engano
Os rios estão distantes
e ainda oscilantes
cambaleamos
sem travessia
sem retórica
sem agrado
nossa maioria
não admirado
e habituado
sem romaria
vida de humano
de dor fulgurante
quão abundante
engano
segunda-feira, 2 de julho de 2012
Das Dores De Oratórios
Zeca Baleiro
"Porque o amor é como fogo,
Se rompe a chama
Não há mais remédio"
Foi por amar
Que ela iô iô iô
Se amasiou com a tal solidão do lugar.
Foi por amar
Que ela iô iô iô
Só pecou nas noites de sonho ao gozar.
Foi por amar
Que ela iô iô iô
Só ficou só
Ele a deixou
Só ficará... hum! Foi por amar!
Foi no altar
Que ela iô iô iô
Noiva que um andor podia carregar.
Foi no altar
Que ela iô iô iô
Dor que a própria dor de Das Dores será.
Foi no altar
Que ela iô iô iô
Não virá?
Não.
Ele virá...
Não, não virá... hum! Foi no altar
Era um lugar
Era iô iô iô
Salvador Maria de Antonio e Pilar.
Era um lugar
Era iô iô iô
Seixo que gastou de tanto esperar.
Louca a gritar
Ela iô iô iô
Esquecer, quem há de esquecer
O sol dessa tarde... hum! Sol a gritar.
"Porque o amor é como fogo,
Se rompe a chama
Não há mais remédio"
Foi por amar
Que ela iô iô iô
Se amasiou com a tal solidão do lugar.
Foi por amar
Que ela iô iô iô
Só pecou nas noites de sonho ao gozar.
Foi por amar
Que ela iô iô iô
Só ficou só
Ele a deixou
Só ficará... hum! Foi por amar!
Foi no altar
Que ela iô iô iô
Noiva que um andor podia carregar.
Foi no altar
Que ela iô iô iô
Dor que a própria dor de Das Dores será.
Foi no altar
Que ela iô iô iô
Não virá?
Não.
Ele virá...
Não, não virá... hum! Foi no altar
Era um lugar
Era iô iô iô
Salvador Maria de Antonio e Pilar.
Era um lugar
Era iô iô iô
Seixo que gastou de tanto esperar.
Louca a gritar
Ela iô iô iô
Esquecer, quem há de esquecer
O sol dessa tarde... hum! Sol a gritar.
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