Valéria Cruz
Já provei do improvável e sobrevivi
à fúria e as delícias das quimeras.
Aprendi sobre a mitologia enfurecendo deuses
e sendo arrastada pelos cabelos para fora do olimpo.
Desobedeci à maioria das regras,
para criar outras que também nunca pretendi cumprir.
Rastejei até soltar a pele, por terem me dito,
que me vestia de um pecado original.
Contracenei com a noite
sem estrelas por ser a única cadente.
Embora ainda não tenha me recuperado do tombo,
calibro os olhos para enfrentar os desatinos do dia-a-dia,
fazendo de conta que tudo isso é absurdamente normal...
Poesias Escondidas
sábado, 15 de agosto de 2015
Cantem Outros A Clara Cor Virente
Alphonsus Gimaraens
Cantem outros a clara cor virente
Do bosque em flor e a luz do dia eterno...
Envoltos nos clarões fulvos do oriente,
Cantem a primavera: eu canto o inverno.
Para muitos o imoto céu clemente
É um manto de carinho suave e terno:
Cantam a vida, e nenhum deles sente
Que decantando vai o próprio inferno.
Cantem esta mansão, onde entre prantos
Cada um espera o sepulcral punhado
De úmido pó que há de abafar-lhe os cantos...
Cada um de nós é a bússola sem norte.
Sempre o presente pior do que o passado.
Cantem outros a vida: eu canto a morte...
Cantem outros a clara cor virente
Do bosque em flor e a luz do dia eterno...
Envoltos nos clarões fulvos do oriente,
Cantem a primavera: eu canto o inverno.
Para muitos o imoto céu clemente
É um manto de carinho suave e terno:
Cantam a vida, e nenhum deles sente
Que decantando vai o próprio inferno.
Cantem esta mansão, onde entre prantos
Cada um espera o sepulcral punhado
De úmido pó que há de abafar-lhe os cantos...
Cada um de nós é a bússola sem norte.
Sempre o presente pior do que o passado.
Cantem outros a vida: eu canto a morte...
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