Poesias Escondidas


Uma pequena demonstração do amor pela nossa língua e nosso idioma, mesmo quando a poesia ou a letra de música for de autoria de um estrangeiro, sendo ou não radicado no Brasil, só serão publicadas as traduções ( caso o idioma não seja a língua portuguesa )...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Noturno Vulgar

Rimbaud

Um sopro abre fendas operádicas nas paredes, - embaralha o eixo dos tetos podres, - dispersa os limites das lareiras, - eclipsa vidraças. - Pelas videiras, apoiando o pé numa gárgula, - desci nesse côche de uma época bem indicada pelos espelhos convexos, almofadas bojudas e sofás distorcidos.
Carro funerário do meu sono, solitário, casa de pastor de minha tolice, o veículo vira sobre o mato da grande estrada desaparecida: e num defeito no alto do espelho, à direita, giram pálidas figuras lunares, folhas, seios; - Um verde e um azul escuros invadem a imagem. Desatrelagem perto de uma mancha de cascalho.
- Aqui vão assobiar às tempestades, e às Sodomas, - e às Solimas, - e aos animais ferozes e aos exércitos, - (Postilhões e animais de sonho vão voltar sob as matas mais sufocantes para me afogar até os olhos na nascente de seda) - E a nos enviar, açoitados por ondas crispadas e bebidas derramadas, rolando entre latidos de dogues...
- Um sopro dispersa os limites da lareira

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Senhoras Do Amazonas

João Bosco

Rio, vim saber de ti
E viVi teu tropical sem fim
Quadrou de ser um mar
Longe Anhangá
Tantas cunhãs e eu curumim
O uirapuru(Oh lua azul)
Cantou pra mim
Rio, vim saber de ti
Meu mar
Negro maracá-jari
Pará, Paris jardim
Muiraquitãs
Tantas manhãs - nós no capim
Jurupari(Oh Deus daqui)
Jurou assim:
- Por que fugir se enfim me queres?
Só me feriu como me feres
A mais civilizada
Senhoras do Amazonas que sois
Donas dos homens e das setas
Por que já não amais vossos poetas

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Vamos À Luta

Gonzaguinha

Eu acredito
É na rapaziada
Que segue em frente
E segura o rojão
Eu ponho fé
É na fé da moçada
Que não foge da fera
E enfrenta o leão
Eu vou à luta
É com essa juventude
Que não corre da raia
À troco de nada
Eu vou no bloco
Dessa mocidade
Que não tá na saudade
E constrói
A manhã desejada...(2x)

Aquele que sabe que é negro
O coro da gente
E segura a batida da vida
O ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco
De um jogo tão duro
E apesar dos pesares
Ainda se orgulha
De ser brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim
Pede uma cerva gelada
E agita na mesa
Uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira
Suada da luta
E faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí...
Acredito
É na rapaziada
Que segue em frente
E segura o rojão
Eu ponho fé
É na fé da moçada
Que não foge da fera
E enfrenta o leão
Eu vou à luta
É com essa juventude
Que não corre da raia
À troco de nada
Eu vou no bloco
Dessa mocidade
Que não tá na saudade
E constrói
A manhã desejada...
Aquele que sabe que é negro
O coro da gente
E segura a batida da vida
O ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco
De um jogo tão duro
E apesar dos pesares
Ainda se orgulha
De ser brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim
Pede uma cerva gelada
E agita na mesa logo
Uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira
Suada da luta
E faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí
Eu acredito
É na rapaziada!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Lenora

Edgar Allan Poe

Ah! foi partida a taça de ouro! o espírito fugiu!
Que dobre o sino! Uma alma santa já cruza o Estígio rio!
E tu não choras, Guy de Vere? Venha teu pranto agora,
ou nunca mais! No rude esquife jaz teu amor, Lenora!
Leiam-se os ritos funerários e o último canto se ouça,
um hino à rainha dentre as mortas, a que morreu mais moça.
E duplamente ela morreu, por que morreu tão moça!

"Pela riqueza a amastes, míseros, o seu orgulho odiando,
e, doente, a bendissestes, quando a morte ia chegando.
E como, então, lereis o rito? Os cantos de repouso
entoareis vós, olhar do mal? Vós, o verbo aleivoso,
que o fim trouxestes à existência tão jovem da inocência?

"Peccavimus; mas não se irrites! O réquiem tão solene
e embalador ascenda aos céus, que a morta já não pene!
Para aguardar-te ela se foi, tendo ao lado a Esperança
e tu ficaste, louco e só, chorando a noiva criança,
meiga e formosa, que ali jaz, magnífica, sem par,
com a vida em seus cabelos de ouro, mas não em seu olhar,
com a vida em seus cabelos, sim, e a morte em seu olhar.

"Ide! Meu coração não pesa! Sem canto funeral,
quero seguir o anjo em seu vôo com um velho hino triunfal.
Não dobre mais o sino! que a alma em seu prazer sagrado
não o ouça, triste, ao ir deixando o mundo amaldiçoado.
Ela se arranca aos vis demônios da terra e sobe aos céus.
Do inferno, à altura se conduz e lá, na luz dos céus,
livre do mal, da dor, se assenta num trono, aos pés de Deus!"

Palavras Que Choram

Madalena Santos

Palavras que chorampalavras que choram
são lágrimas que caem
são sentimentos que no coração moram
são sentimentos que do coração saem.
é dor que sai do nosso coração
é paz que alivia a nossa alma
é o fim de um furacão
e o começar da calma.
é sossego que invade o nosso ser
é vazio que se sente no peito
são lágrimas pelo rosto a escorrer
por algum mal que nos foi feito.
lágrimas que caem
são sentimentos que no coração moram
e que quando do coração saem
são palavras que choram.